“Mãe quero fazer alguma coisa diferente”, disse o panoramense Luiz Fernando Mendes Silva, de 21 anos. Em abril do ano passado, ele resolveu ajudar dezenas de crianças que possivelmente passariam o Dia da Páscoa sem comer sequer uma barra de chocolate. Luiz Fernando é estudante do 2º ano de Direito na Uniesp de Presidente Epitácio, leiturista da Elektro, concessionária de energia e tornou-se voluntário de coração.

Fernando, como é popularmente chamado entre os amigos da cidade, contou que ficou comovido depois de entregar um ovo de Páscoa numa casa de família bem humilde, na periferia da cidade. Ele ouviu o filho dizer ao pai que o tio [no caso, Fernando] havia lembrado deles, num ano em que o pai já havia deixado claro a todos os filhos que não compraria ovos de chocolate por conta do pouco dinheiro.

Vendo aquelas condições financeiras, na época da Páscoa, Fernando falou para sua mãe que gostaria de fazer algo diferente naquele ano. Questionado pela mãe sobre o que exatamente gostaria de fazer, ele respondeu que presentearia, a partir daquele ano, várias crianças com ovos de Páscoa. Assim, Fernando não deixou feliz apenas uma criança, mas outras 105 que tiveram um dia diferente dos anos anteriores. “Só de ver a felicidade que as crianças ficam, é gratificante demais”, relata. Os pais aprovaram sua ideia.

Este ano, foram 130 ovos confeccionados, desses, 110 entregues na creche e 20 nos bairros periféricos, preferencialmente em casas onde a situação de vida é crítica.

Fernando aprendeu a fazer ovos de Páscoa em 2007, numa casa de chocolate, onde trabalhava. Ele paga do próprio bolso toda a produção dos chocolates com a ajuda da mãe, que o apoia nos momentos em que ele sai para trabalhar e estudar.

O voluntário conta que foram madrugadas, feriados e finais de semana preparando a felicidade dos pequenos para o Dia da Páscoa. “O que a direita faz, a esquerda não precisa saber”, disse sobre seu trabalho.

Fernando levou uma semana para fazer todos os ovos. Nunca foi candidato a qualquer cargo político e não pretende ser. “Não é uma promessa, enquanto puder ajudar e me sentir útil na comunidade, como voluntário, vou continuar”, destaca. Este ano, ele entregou ovos na creche desde os bebês até crianças de sete anos.

O panoramense acredita que o voluntariado é uma ação que pode ser pequena, mas é gratificante. “Entregar ovos de chocolate para 130 crianças parece pouco, mas se cada um fizesse sua contribuição, a situação seria bem diferente. O mais importante é saber que pelo menos algumas, entre tantas crianças que necessitam, poderão ter uma Páscoa diferente”, concluiu.