Filmes de dois cineastas mexicanos com perfis quase opostos poderão ser vistos ao longo desta semana na Cinemateca Brasileira, na zona sul da capital paulista. Serão exibidas cinco películas tanto do espanhol naturalizado mexicano Luis Buñuel quanto do ator e lutador Rodolfo Guzmán Huerta, conhecido por El Santo. “Um deles, que é um cineasta fundamental para o cinema moderno, Buñel, e o outro que é uma espécie de ícone popular no México”, explica o programador da mostra Mestres do Cinema Mexicano, Rafael Carvalho.
A mostra faz parte de uma parceria entre a Cinemateca e o Consulado do México e tem a finalidade de mostrar uma produção que vá além das obras e cineastas mais conhecidos do país. “A coleção que eles estão trazendo para o Brasil também segue esse padrão de oferecer uma visão do cinema mexicano que não seja fechada, que não seja só das principais figuras”, ressalta Carvalho.
Buñuel foi para o México fugindo da ditadura franquista – que ocorreu durante o governo do general Francisco Franco – e acabou produzindo grande parte da sua obra, com estética marcada pelo Movimento Surrealista. “No caso do Buñuel, uma parte mais interessante da filmografia dele vai ser realizada no México. Ali ele vai encontrar condições para produzir dentro de um padrão industrial sem abrir mão daquilo que lhe era peculiar enquanto artista”, explica o programador da mostra.
Por outro lado, El Santo é “uma figura egressa de um universo popularesco, como é o caso da luta livre”. As produções acabam inspirando uma série de filmes estrelados por lutadores, enquanto El Santo ganha projeção para além do cinema e da luta. “Ele vai virar uma espécie de herói nacional, cuja a figura não vai ficar restrita apenas ao cinema. El Santo vai virar herói de histórias de quadrinhos, os filmes vão também para a televisão”, destaca Carvalho.