Na França, a passagem de três anos do acidente com o voo AF447, que caiu sobre o Oceano Atlântico em 2009 matando 228 pessoas, é lembrada hoje (1º) em decorrência da diferença de fuso horário. No Brasil, o acidente foi lembrado ontem. A empresa Air France, responsável pela aeronave, faz homenagens às vítimas em Paris e no Rio de Janeiro.

Em Paris, há cerimônias no cemitério do Père-Lachaise, e no Rio de Janeiro, no bairro do Leblon, na zona sul da cidade, no Memorial das Vítimas Brasileiras, às 10h. No acidente, morreram todos que estavam a bordo. Havia pessoas de 32 nacionalidades, das quais 58 eram brasileiras. Nem todos os corpos foram encontrados.

No Brasil e na França, os parentes e amigos das vítimas ainda aguardam as conclusões sobre as causas do acidente e há também expectativa sobre as questões judiciais. No dia 5 de julho, o Escritório de Investigações e Análises da França (cuja sigla em francês é BEA) promete divulgar o relatório final, mas há desconfiança entre os parentes das vítimas sobre o que conterá o documento.

Paralelamente, a Justiça francesa investiga o acidente para determinar as responsabilidades penais da tragédia, e indiciou a Airbus e a Air France por homicídio culposo. O relatório judicial é esperado para 30 de junho, mas os parentes das vítimas se reúnem com a juíza responsável pelas investigações no dia 10 de julho – cinco dias após a divulgação do relatório final do BEA.

“O BEA tem apontado, em suas últimas declarações, a ação dos pilotos para tentar explicar a queda do avião. Essa posição é favorável à Airbus. Temos grandes suspeitas em relação às conclusões finais que serão divulgadas”, disse o presidente da associação francesa Ajuda Mútua e Solidariedade, Robert Soulas, que reúne parentes das vítimas.

“As investigações precisam determinar quais são as causas técnicas do acidente e como elas influenciaram a ação dos pilotos”, acrescentou Soulas, que conseguiu recuperar o corpo de seu genro, mas não o de sua filha.

“Queremos a verdade. Esperamos que eles não culpem os pilotos. Os aviões da Airbus já tinham enfrentado inúmeros problemas antes desse acidente e continuaram apresentando falhas e registrando vários incidentes depois”, disse o presidente da Associação das Famílias das Vítimas do Voo 447 da Air France, Nelson Marinho. “Temos desconfiança porque o governo francês é acionista da Airbus e da Air France e o BEA é ligado ao governo. Não há isenção para realizar as investigações”.

No relatório preliminar, divulgado em julho do ano passado, dois meses após as duas caixas-pretas do Airbus A330 terem chegado à França para serem analisadas, o BEA destacou os erros dos pilotos na tragédia. Segundo o órgão, os pilotos cometeram uma série de erros, e o acidente poderia ter sido evitado se eles tivessem tomado as medidas adequadas. Mas, ao mesmo tempo, o BEA negou que falhas humanas tenham sido a única causa do acidente.

Os representantes dos parentes das vítimas dizem esperar que, além de revelar as causas exatas da tragédia, a conclusão final, que será divulgada em julho, permita fazer recomendações técnicas para melhorar a segurança do setor aéreo e evitar novos acidentes.