A rebelião de adolescentes infratores internados nas unidades I e II da Fundação Casa de Irapuru, que teve início no período da manhã e terminou no começo da tarde de ontem (21), teve como saldo cinco de um total de sete funcionários mantidos reféns, além de um adolescente ferido.

A Polícia Militar divulgou que nas duas unidades são cerca de 120 menores que cumprem internação. As duas Fundações ficam localizadas uma ao lado da outra, no bairro Pureza de Irapuru.

Entre os feridos estava o diretor de uma das unidades que sofreu um corte na cabeça.

Todos os funcionários feridos estavam nas mãos dos rebelados que durante o tumulto gritavam das janelas que se os pedidos deles não fossem atendidos seriam mortos.

O tenente Maxwel, comandante do Corpo de Bombeiros disse à reportagem pela manhã, que os reféns feridos e liberados no período da manhã foram socorridos ao hospital em uma viatura Resgate do Corpo de Bombeiros de Dracena e também na viatura da própria Fundação. Um dos feridos que saiu mancando afirmou que levou chutes e ponta pés e não poderia falar sobre a rebelião, por causa de documento que assinaram quando entraram na unidade.

Na rebelião, os internos gritavam e quebravam vidros das grades nas duas unidades e pediam o fim da opressão, reivindicavam visitas nas quadras, denunciavam que sofriam agressões, pediam transferências para as cidades onde moram e citavam outras questões de ordem administrativa.

Durante a rebelião, a mãe de um adolescente esteve na frente da unidade II e aos gritos pedia ao filho que não se envolvesse naquela situação. Ela de joelhos fez uma oração pedindo a Deus que acalmasse os meninos rebelados.

Após algumas horas de negociação entre representantes da Polícia Militar e do Ministério Público de Pacaembu com os rebelados, a rebelião terminou primeiro na unidade II e depois na I.

Após o término da rebelião dos internos, o major Enzo Bertão, comandante do 25º Batalhão, com sede em Dracena, que acompanhou tudo no local, deu entrevista a imprensa divulgando os resultados das negociações. Ele disse que alguns menores alegaram que sofrem agressões e outros reclamaram que não podem receber visitas na quadra de esporte, entre outros pedidos de ordem administrativa.

Bertão ressaltou que a Polícia Militar esteve empenhada na rebelião com cerca de 100 homens, seis viaturas da Força Tática de toda a região e até o Helicóptero Águia ficou de prontidão e que foi realizada a contenção do perímetro.

O tenente Julio, de Adamantina participou da negociação e resolveu o problema. Afirmou que as vítimas sofreram escoriações leves provocadas por espetos e estiletes.

De acordo com o major Bertão, a polícia apreendeu algumas facas e armamento que os rebelados confeccionaram manualmente. “A negociação foi tranquila e demorou um pouco em virtude de ser em duas unidades. Nem todos os internos participaram já que alguns não aceitaram essa situação”, afirmou o major.

O comandante do Batalhão citou que salvo engano por parte dele, desde 2009 não era registrada nenhuma rebelião na região.  Ontem mesmo, alguns rebelados iriam ser ouvidos no Fórum de Pacaembu pela Promotoria de Justiça onde seria colocado tudo no papel para ser apurado.

O promotor Rogério, de Pacaembu que esteve nas unidades durante a negociação com os internos, ao deixar o local após o fim da rebelião, disse a imprensa que serão instaurados os procedimentos para apurar as responsabilidades daqueles que praticaram as infrações  e também a responsabilidade de eventuais funcionários  que tenham cometido situações que ajudaram a criar tudo o que ocorreu nas duas unidades.

A Polícia Militar iria manter o efetivo empregado nas unidades, para que se houvesse necessidade ajudar os agentes de apoio da Fundação Casa na revista das unidades que tiveram vidros e luzes quebrados na rebelião.