A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) protocolou hoje (13) pedido de dissídio coletivo no Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília. A empresa se antecipou às assembleias dos funcionários convocadas para decidir sobre a realização de greve. As assembleias estão marcadas para a próxima semana, a maioria delas para terça-feira (18).

De acordo com nota divulgada pelos Correios, o objetivo de acionar o TST é “garantir a normalidade do atendimento à população brasileira”. No documento, a ECT requer, entre outras medidas, a intermediação do tribunal “em vista da greve e do esgotamento das negociações” e a renovação do acórdão do tribunal relativo à paralisação de 2011, que teria validade por quatro anos.

Na última semana, a maioria das assembleias dos trabalhadores dos Correios decidiu por adiar a paralisação, na expectativa de que a empresa melhorasse a sua proposta de 5,2% de reajuste salarial.

A greve foi iniciada nos estados de Minas Gerais e do Pará com baixos índices de adesão, segundo os Correios. “Desde o dia 3 de julho a empresa tenta, por meio do diálogo, negociar com as entidades sindicais”, diz trecho de nota divulgada pela ECT.

Procurada pela Agência Brasil, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect) reagiu com surpresa à informação acerca do dissídio coletivo. “Lamentamos essa decisão da empresa, que vira as costas para os trabalhadores e demonstra não querer mais negociar”, disse  James Magalhães de Azevedo, secretário de Imprensa da Fentect. “A judicialização da greve mudará toda a nossa estratégia, vamos ouvir agora a nossa assessoria jurídica.”

A assessoria de imprensa do TST não soube informar se o processo foi encaminhado para algum ministro do órgão. “A empresa não negocia e usa o Judiciário contra os trabalhadores”, disse o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná, Luiz Antonio de Souza, em entrevista à Agência Brasil. “Acionar o TST não evitará a greve. Pelo contrário, empurrará os trabalhadores para dar início a uma paralisação.”

O comando de negociação da Fentect reivindica 43,7% de reajuste, R$ 200 de aumento linear e piso salarial de R$ 2,5 mil. Quatro sindicatos dissidentes (São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins e Bauru), que se desfiliaram da federação, reivindicam 5,2% de reposição, 5% de aumento real e reajuste linear de R$ 100. O salário-base inicial de carteiros, atendentes comerciais e operadores de triagem e transbordo é R$ 942.