O governo americano pediu ao Brasil que volte atrás na sua decisão “protecionista” de elevar tarifas de importação de bens industrializados, o que poderia gerar perdas para os exportadores americanos.

Em carta endereçada ao ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, o representante de Comércio Exterior do Executivo americano, Ron Kirk, argumentou que as medidas “vão contra os esforços mútuos” de liberalizar o comércio no âmbito mundial, “erodem” as negociações comerciais multilaterais e prejudicariam “significativamente” as exportações americanas em áreas “cruciais” da sua pauta de exportações.

“Os aumentos de tarifa significativamente restringem o comércio a partir dos níveis atuais e claramente representam medidas protecionistas”, escreveu o representante americano. “Historicamente, tais ações frequentemente levaram os parceiros comerciais a responder na mesma moeda, o que amplificaria o impacto negativo [das medidas].”

O governo brasileiro anunciou este mês a elevação – de em média 12% para 25% – das tarifas pagas sobre cem produtos importados para que entrem no Brasil. Este aumento será aplicado no fim de setembro, e outra lista de produtos está sendo preparada para outubro. Os aumentos ficam abaixo do teto de 35 % estabelecido junto à Organização Mundial do Comércio (OMC).

As elevações têm por objetivo proteger a indústria nacional de importados que continuam a entrar no mercado brasileiro, um dos mais atrativos em meio ao passo lento da economia global. Entretanto, para Ron Kirk, o caráter temporário das medidas “não mitiga o seu efeito prejudicial”.

O representante americano lembrou que o comércio de produtos industrializados entre o Brasil e os EUA vem ganhando importância. “Para sublinhar este ponto, nossa análise comercial mostra que, no ano de 2011, as exportações de produtos industrializados para do Brasil para os EUA foram mais de cinco vezes maior que as suas exportações de bens agrícolas para os EUA.”