Um incêndio atingia a favela Sônia Ribeiro, na região do Campo Belo, na Zona Sul de São Paulo, na tarde desta segunda-feira (3). Segundo o Corpo de Bombeiros, o fogo consumia moradias erguidas no terreno que fica na Rua Cristóvão Pereira com a Avenida Jornalista Roberto Marinho. Pelo menos três pessoas ficaram feridas.

De acordo com os bombeiros, um dos feridos teve queimaduras de primeiro grau e outro teve intoxicação por fumaça. Ambos foram levados a hospitais na região. Um homem teve ferimentos em um dos pés ao cair para tentar retirar pertences de uma casa.

O subprefeito de Santo Amaro, coronel Roberto Costa, disse que moradores relataram que o fogo se espalhou a partir de um local onde moradores depositam o lixo. “Segundo os zeladores comunitários, o fogo começou em uma espécie de lixão que existe dentro da comunidade. Ele foi se alastrando, mas os moradores se mobilizaram rapidamente para sair”, disse. Segundo ele, a comunidade é formada por 600 barracos, mas não havia estimativa de quantos foram afetados.

A comunidade fica nas imediações da Avenida Washington Luís, perto do Aeroporto de Congonhas. O funcionamento do aeroporto não foi alterado, segundo a Infraero. Por volta das 15h30, o vento levava a fumaça em direção contrária a das pistas de Congonhas.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, neste ano já foram registrados 32 incêndios em favelas na cidade de São Paulo. Em todo o ano de 2011 foram 79 ocorrências, segundo dados da corporação.

O tenente Marcos Palumbo, do Corpo de Bombeiros, disse em entrevista à Globo News que a massa de ar seco que atuava sobre a cidade provoca o ressecamento dos materiais, como a madeira da qual os barracos são feitos, o que facilita a propagação das chamas.

Por volta das 16h30, os bombeiros estavam próximos de controlar o incêndio, mas ele falou que havia dificuldade para conter o fogo. “É uma grande dificuldade porque a gente não consegue acessar o centro da favela. É uma situação complicada.”

Interdições
Por volta das 17h, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a Avenida Jornalista Roberto Marinho seguia interditada no sentido Marginal Pinheiros para o trabalho dos bombeiros. As ruas Xavier Gouveia e Rua Cristóvão Pereira também foram bloqueadas para o tráfego, assim como o acesso da Avenida Washington Luís para a Avenida Jornalista Roberto Marinho.

Como alternativa, a CET orienta que os veículos que seguem sentido Marginal Pinheiros utilizem o Viaduto Deputado Luiz Eduardo de Magalhães, a Avenida Washington Luís, a Rua Laplace e a Rua Vicente Leporace. Para quem vem da região do Jabaquara, a opção é o retorno sob o Viaduto Deputado Luiz Eduardo de Magalhães para acesso às ruas Joaquim Nabuco e Vicente Leporace.

Projeto habitacional
A comunidade que foi afetada pelo incêndio está na lista de áreas que devem passar por um processo de desapropriações planejado para ocorrer em todo o eixo da Avenida Jornalista Roberto Marinho.

Nos arquivos da Secretaria Municipal de Habitação, a comunidade afetada é conhecida como Favela Sônia Ribeiro, embora os moradores a tenham apelidado de Favela do Piolho. De acordo com o projeto da Prefeitura, no lugar dos barracos queimados estava planejado a realização de tratamento urbanístico e implantação de parques e áreas de lazer.

Combate ao fogo
Moradores ajudavam as 30 equipes dos bombeiros nos trabalhos de combate ao fogo: eles tentavam destruir paredes de barracos para evitar que as chamas se alastrassem para as demais moradias. Em alguns pontos, eles tentavam jogar água com mangueiras em alguns pontos da favela.

Nas ruas do entorno, móveis e eletrodomésticos de casas que não haviam sido destruídas pelo incêndio eram deixados na calçada.

A doméstica Sebastiana Helena Ferreira, de 52 anos, cuidava dos objetos que foram retirados da casa da filha. Ela vive em um barraco do outro lado da Avenida Jornalista Roberto Marinho e diz que é a terceira vez que a família enfrenta situação semelhante. “Da primeira vez, eu perdi tudo. Na outra, graças a Deus não aconteceu nada. Só que, desta vez, eu não sei”, disse, com os olhos marejados.

Por volta das 16h, a casa da filha ainda não havia sido atingida pelas chamas e os parentes e amigos corriam por uma viela para tentar salvar móveis e eletrodomésticos. Sebastiana acreditava que o barraco do irmão dela, na mesma comunidade, já havia sido totalmente destruído.