O Mali, país africano no Deserto do Saara, vive a expectativa de intervenção de uma Força de Paz da Organização das Nações Unidas (ONU) para combater os rebeldes que dominam boa parte de seu território. O ministro da Defesa da França, que apoia a operação, declarou hoje (16) que a ação deve começar nas próximas semanas.
 
Desde o golpe militar de março, que derrubou o presidente do Mali, Amadou Toumani Touré, os povos tuaregues – nômades do deserto – dominam dois terços do país. Mesmo sem reconhecimento internacional, eles declararam a independência do Estado do Azawad. O Ansar Dine, principal grupo rebelde do Movimento Nacional pela Libertação do Asawad (MNLA), tem ligações com a organização terrorista Al Qaeda. Os militantes são radicais muçulmanos e querem impor a lei islâmica, a sharia, no território ocupado.

Nas cidades históricas do deserto, como Timbuctu, documentos medievais e construções consideradas patrimônio da humanidade pelas Nações Unidas foram destruídos. No Continente Africano, a região vem sendo chamada pela imprensa e por analistas políticos de Africanistão.

 
Uma das fontes de financiamento dos rebeldes é o pagamento de resgates por países da Europa em troca da libertação de reféns. Atualmente, há nove cidadãos europeus em poder dos tuaregues, seis deles franceses. Parentes dos sequestrados foram recebidas em audiência privada pelo presidente da França, François Hollande, que prometeu que mesmo que haja uma ação militar internacional na região, as negociações pela liberdade dos reféns vão continuar. Hollande reiterou, no entanto, que não haverá tropas francesas na operação.
 
Os Estados Unidos e os países da União Europeia, assim como boa parte da comunidade internacional, não querem a formação de um novo estado radical islâmico na África. Por isso, apoiam a intervenção militar, mas impõem condições: para votar a favor da operação no Conselho de Segurança da ONU, precisam do compromisso dos países vizinhos ao conflito. As tropas devem ser formadas – e, principalmente, lideradas – por países africanos.

A Comunidade dos Estados do Oeste da África (Ecowas) pretende apresentar um plano de ação nos próximos dias. A França já anunciou que vai apoiar a operação com treinamentos, armas e munições.