A Polícia Federal (PF) prendeu hoje (31) seis pessoas e cumpriu 12 mandados de busca e apreensão na capital paulista e nas cidades de Atibaia e Valinhos, como resultado da Operação Lava-Rápido. Segundo a PF, o grupo era especializado em crimes contra o sistema financeiro nacional, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e subtração de procedimentos fiscais da receita estadual paulista.
Entre os presos, um era empresário, autuado em flagrante por posse ilegal de armas e com prisão preventiva decretada pela Justiça Federal, e quatro eram servidores públicos. Foram apreendidos com o grupo 14 veículos, cinco procedimentos fiscais de pessoas jurídicas e um de pessoa física, 30 mil dólares e R$ 100 mil.
As investigações, iniciadas em março deste ano, partiram da suspeita sobre uma pequena instituição religiosa que havia movimentado quase R$ 400 milhões em operações financeiras. “A associação foi criada por gozar de imunidade tributária, o que diminuiria as probabilidades de fiscalização na visão dos integrantes do grupo”, informou em nota a PF.
Os policiais federais descobriram também que empresas de fachada foram criadas com a finalidade de realizar sonegação fiscal e evasão de divisas. As empresas fictícias recebiam recursos que eram remetidos ilegalmente, por meio de doleiros, ao exterior.
Outra forma de atuação do grupo era a subtração de processos administrativos com a ajuda de servidores públicos vinculados à área tributária. Empresas devedoras do fisco estadual, já autuadas ou com recursos administrativos julgados improcedentes, recorriam aos acusados para que desaparecessem com procedimentos fiscais.
Esses servidores públicos, além de subtrair os processos físicos, também apagavam os registros nos sistemas de informática. A investigação apontou que os processos volumosos eram levados em partes, escondidos em bolsas ou mochilas. Posteriormente, os documentos eram entregues aos chefes do grupo, que repassavam aos empresários envolvidos.
De acordo com a PF, há evidências de que as multas fiscais de cada processo variam de R$ 1 milhão a R$ 35 milhões. O prejuízo total à União e ao estado de São Paulo pelo não recolhimento dos tributos e pelas fraudes detectadas passam de R$ 150 milhões ao ano.
Os investigados responderão por crimes contra o sistema financeiro, subtração de processos, corrupção ativa e passiva, tráfico de influência, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, falsidade ideológica e sonegação fiscal. As penas somadas para cada acusado podem atingir 28 anos de prisão.