Ao tomar posse hoje (22), o novo secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, destacou a necessidade do desenvolvimento de mecanismos de integração entre as polícias no combate ao crime organizado. “A única forma de combatê-lo é com planejamento, inteligência e capacidade de atuação concorrente em todos os entes que compõem a Federação”, defendeu, na cerimônia de posse no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual.. A recente onda de violência em São Paulo motivou um acordo de cooperação entre os governos estadual e federal.
O novo secretário disse ainda que poderá afastar, como uma das primeiras ações na pasta, os policiais que estão sob investigação por envolvimento nos recentes casos de violência no estado. “É uma medida possível. Nós vamos ainda tomar pé do que está acontecendo. Portanto, não posso dizer com certeza. Nós vamos avaliar nas próximas horas”, disse após a cerimônia.
Em discurso, Grella defendeu um modelo de combate ao crime aliado ao respeito aos direitos humanos. “A boa ação é a que combina o irrestrito respeito aos direitos humanos e ação efetiva do estado, seja no campo preventivo ou no campo repressivo dos ilícitos penais. O objetivo é bastante claro e definitivo: manter a segurança pública no rol das políticas públicas, promovendo a cidadania e combatendo o crime e a violência.”
Grella assume a Secretaria de Segurança Pública (SSP) no lugar de Antonio Ferreira Pinto, no momento em que o estado enfrenta uma escalada da violência, especialmente na capital e região metropolitana de São Paulo. O número de casos de homicídio praticamente dobrou na capital paulista em outubro em comparação ao mesmo mês do ano passado, segundo balanço divulgado ontem (21) pela secretaria.
Foram 78 crimes com mortes em outubro de 2011, contra 150 registrados no mês passado, um crescimento de 92%. Em relação ao número de vítimas, o aumento foi ainda mais expressivo (114%), com 176 pessoas assassinadas em outubro de 2012, contra 82 em 2011.
Na cerimônia, o governador Geraldo Alckmin ressaltou o número expressivo de assassinatos de policiais. Até o dia 14 de novembro, 92 policiais militares foram mortos. Em todo ano de 2011, foram 56. “É grave, muito grave quando policiais são atacados covardemente, às vezes sem farda, na frente dos filhos, pois se trata de um ataque ao próprio Estado com a tentativa de intimidá-lo, mas não nos acovardaremos. Venceremos. Venceremos porque temos legitimidade para agir, porque sabemos o tamanho do desafio, porque temos uma das melhores polícias do país e porque já vencemos antes”, disse.
Em reunião na tarde de hoje, o novo secretário deve avaliar a permanência dos atuais chefes da Polícia Militar (PM), Roberval Ferreira França, e da Polícia Civil, delegado-geral Marcos Carneiro de Lima. Ambos colocaram seus cargos à disposição. “Vamos aguardar que ele defina a equipe que deseja montar. O cargo não pertence às pessoas, pertence ao governo do estado. Cabe ao novo secretário definir a equipe que ele quer compor”, disse o comandante da PM.
Grella foi duas vezes procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo e é presidente do Conselho dos Procuradores do Ministério Público. Como promotor, já têm 30 anos de experiência.