O presidente do Peru, Ollanta Humala, inaugurou nesta sexta-feira (30) a reunião de cúpula da União de Países Sul-Americanos (Unasul) defendendo maior integração regional, para enfrentar desafios comuns. No discurso de abertura, ele citou a desigualdade, a pobreza, o terrorismo e a “violação de processos democráticos” – numa clara alusão ao Paraguai, que foi suspenso tanto do Mercado Comum do Sul (Mercosul) como da Unasul. Na véspera, os chanceleres tinham discutido a situação do país e a tendência era de manter a suspensão, até a próxima eleição presidencial, prevista para abril de 2013.
“Hoje torna-se mais imperativo que nunca aprofundar nossas relações e enfrentar os perigos comuns que representam a desigualdade, a pobreza, as mudanças climáticas, a violação dos processos democráticos e o terrorismo, sob suas diversas formas”, disse Humala.
O Paraguai foi suspenso do Mercosul e da Unasul, depois da destituição do então presidente Fernando Lugo, em junho passado. Eleito em 2008, Lugo foi afastado num processo deimpeachment relâmpago, pela grande maioria do Congresso. Apesar da Constituição paraguaia prever o julgamento político, a velocidade do processo foi questionada pelos sócios paraguaios do Mercosul (Brasil, Argentina e Uruguai) e pelos onze países da Unasul. Lugo teve apenas duas horas para se defender das acusações e em um dia foi julgado, condenado e substituíto por seu vice, o atual presidente Federico Franco.
Na cúpula do Mercosul, realizada uma semana depois da destituição de Lugo, Brasil, Argentina e Uruguai decidiram aceitar a Venezuela como membro pleno do Mercosul. A inclusão só foi possível porque o Paraguai – único país que vetava a entrada da Venezuela, tinha sido suspenso e ficou sem voz, nem voto.
Diplomatas que participaram da reunião de chanceleres da Unasul na quinta-feira (29) disseram que, como não houve fato novo, é provável que o Paraguai continue suspenso do grupo regional. A situacão do Paraguai será mencionada no documento final da cúpula da Unasul, que termina nesta sexta-feira.