O Dia Mundial e Nacional de Combate à Hanseníase, celebrado amanhã, 27 de janeiro, é um lembrete para a importância da conscientização a respeito dessa doença cuja incidência de novos casos no Brasil (mais de 33 mil casos em 2011) é superada apenas pela índia (mais de 140 mil casos em 2011), de acordo com o segundo Relatório de Doença Tropicais Negligenciadas publicado pela Organização Mundial da Saúde no início deste ano.
De acordo com a OMS, ações como a implementação de campanhas de esclarecimento seguidas por diagnóstico e terapia precoces podem tirar o país de situação endêmica da doença até 2015, mas tais medidas devem começar a ser adotadas ainda em 2013 – vale lembrar que o país falhou em alcançar a meta anterior estabelecida pela Organização para o ano 2000.
A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), que atua na detecção e tratamento dessa doença em postos e serviços de atenção primária em saúde, lembra a importância de melhorias no suporte às famílias e comunidades em todo o país que convivem com altas taxas de prevalência da doença.
A doença, causada pela bactéria Mycobacterium leprae, atingindo membros superiores e inferiores e causando visíveis deformações em casos mais graves, possui cura clínica, mas carrega grande carga de estigma, o que torna sua detecção e tratamento muito difíceis. “Contamos com baixa adesão ao tratamento, por parte do próprio paciente, que enfrenta ainda o preconceito da doença, referenciada por ele como ‘coisa ruim’, ‘morte’, ‘epidemia’, ‘exclusão’, ‘pobreza’” salienta o diretor da SBMFC, Cleo Borges.
De acordo com o Ministério da Saúde, as áreas mais afetadas pela bactéria estão nos estados do Mato Grosso, Maranhão e Pará. Segundo Cleo Borges, “a ação dos gestores de saúde precisa atingir tanto médicos quanto população”.
Para que as sugestões propostas no relatório da OMS alcancem resultado, programas que reúnam ações de vigilância e conscientização para favorecer o diagnóstico precoce são essenciais. Nulvio Lermen Jr., presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade ressalta, “A melhoria da comunicação do serviço de saúde com a comunidade depende de uma atenção primaria fortalecida. Nesse sentido, a SBMFC reforça a importância da estratégia de saúde da família junto à população”.