Há 17 anos, o engenheiro Marcelo Tessler criou sua empresa de gerenciamento de obras. Ele conta que não teve pressa para crescer e optou por uma trajetória mais consistente. Com este propósito, afirma que não recorre a empréstimos, usa apenas recursos próprios e não trabalha para o setor público.
“Ser os olhos do cliente.” Assim Marcelo Tessler resume o objetivo de seu negócio. Há 17 anos ele comanda a empresa de gerenciamento de obras que fundou, a Tessler Engenharia. Sua proposta de negócio é garantir que construções, reformas e ampliações sejam feitas com qualidade, baixo custo e sem atraso.
Em 2012, a companhia alcançou R$ 30 milhões de faturamento e cresceu 30% pelo quinto ano consecutivo. A receita para o bom resultado, segundo o empresário, foi ser conservador e crescer sem pressa.
Desde a fundação, o engenheiro não quis correr muitos riscos. A oportunidade de começar o negócio apareceu quando a empresa onde ele trabalhava decidiu parar de atender uma multinacional de cinemas que estava começando no Brasil, a Cinemark.
“Como eu havia gerenciado a primeira obra, ainda pela outra empresa, eles me convidaram para trabalhar direto para eles e acabei montando a empresa com mais um engenheiro”, conta.
Tropicalização. Ele foi para os Estados Unidos para aprender como as salas eram construídas lá e trouxe engenharia deles para o Brasil. Quando o primeiro complexo foi construído, ele diz que 60% dos materiais usados vieram do exterior.
“Depois, ‘tropicalizei’ todo o processo.” Agora, a maior parte da construção é feita com material nacional, só os equipamentos de projeção são de fora.
Nos primeiros anos, os dois engenheiros trabalharam dentro do escritório da Cinemark. Depois, eram quatro especialistas e chegou a hora de alugar o próprio escritório. “Fui vendendo o serviço, criando coragem, adquirindo experiência e fomos crescendo devagar.”
Shopping centers.A Tessler Engenharia tem hoje uma centena de engenheiros e arquitetos e alega ser a maior gerenciadora de obras em shoppings no Brasil, com clientes como Cyrella CCP, Grupo Iguatemi e BR Malls. Atualmente ainda mantém contratos com a Cinemark.
O fundador diz que construiu todas as salas de cinema da rede no Brasil, cerca de 500, em 60 complexos. Com o tempo, passou a atender outros tipos de cliente e gerenciou obras de shoppings centers, estádios de futebol, indústrias e hospitais.
O gerenciamento adequado, afirma Tessler, pode reduzir o custo total de uma obra em até 8%. E acrescenta que em grandes empreendimentos, de centenas de milhões de reais, a economia é significativa. “Escolhemos métodos construtivos, prazos, contratações. Temos experiência nisso.”
Se o cliente tenta construir sozinho, sem ter experiência naquele tipo obra, acrescenta o engenheiro, pode acabar perdendo muito dinheiro.
Tessler diz que pode ter demorado para crescer, mas não se arrepende de ter um estilo de gestão mais comedido. Ele afirma ser conservador no orçamento, na administração, não ter dívidas – utiliza apenas capital próprio – e não trabalhar para o setor público. Ele também conta que preza “ter tudo certinho” e que gosta de investir na qualificação dos seus funcionários .
“Veja, já estamos formando o terceiro office-boy em engenharia. Eles entram na empresa, gostam, e nós ajudamos a pagar o curso”, afirma.