Cada vez que o time de basquete do colégio Downey Christian, de Orlando, na Flórida (EUA), sai do vestiário e entra em quadra com o pequeno Julian Newman à frente de seus companheiros, a cena chama atenção. De cara, parece até piada. Mas quando o armador de 11 anos e apenas 1,34m mostra sua habilidade e pontaria durante o aquecimento, a surpresa é ainda maior, só que positiva.
Com 35 centímetros e quatro anos a menos que qualquer companheiro de time, Julian entra em quadra com as alças de sua camiseta amarradas por pedaços de esparadrapo para evitar que seu unforme escorregue e caia até seus pés de número 33.
Se nos jogos fora de casa, em razão de sua baixa estatura, se tornou comum o camisa 4 ouvir dos adversários a pergunta “você faz parte do time?, no ginásio dos Patriots – apelido de sua escola -, não há qualquer dúvida por parte dos torcedores da Downey Christian que ele é um membro da equipe.
Há pouco tempo, Newman era um menino entre tantos outros a participar de programas esportivos em pequenas escolas da Flórida. Mas apesar de sua pouca idade e de um contraste desleal de tamanho em relação aos “gigantes” que enfrenta dentro de quadra, seu talento chamou atenção do planeta através de vídeos publicados na internet, e que viraram febre com mais de 1,27 milhão de visualizações no Youtube.
– Ele é um garoto muito talentoso e vem de uma família grande. Sua baixa estatura será seu maior obstáculo, mas ele terá um grande futuro se conseguir crescer – afirmou Joe Davis, coordenador de recrutamento nacional para Scouts Focus, uma escola de Kentucky.
Mas quem disse que os baixinhos não têm vez no basquete?. O ex-jogador Muggsy Bogues, de 1,60m, campeão mundial pelos Estados Unidos, em 1986, e com passagens pelo Washington Bullets – hoje Wizards -, Charlotte Hornets – hoje Bobcats, Golden State Warriors e Toronto Raptors, Spud Webb, de 1,70m, ex-armador do Atlanta Hawks e campeão de enterradas da NBA no mesmo ano ao bater ninguém menos que Dominique Wilkins, e Nate Robinson, de 1,75m, jogador do Chicago Bulls e tricampeão de enterradas em 2006, 2009 e 2010 provam o contrário.
De olho no bom exemplo dos três baixinhos, a jovem sensação de Orlando preenche seu dia entre os treinos no ginásio da escola e numa quadra na esquina de sua casa com seu pai Jamie, que também trabalha como técnico da Downey Christian. Diariamente, são 100 lances-livres, 200 dribles e 200 arremessos. Nas bolas de três pontos, ele se prepara rapidamente para os arremessos, quase que por telepatia, para evitar o contato dos defensores.
Duas noites antes de mostrar seu talento num intervalo de uma partida da NBA, Julian trabalhou exaustivamente uma rotina com três bolas de basquete. Apesar de sua fama repentina, ele mantém lá em cima seu grau de obsessão. Deitado em sua cama com 13 camisas de times da NBA, juntamente com cartazes de Magic Johnson e LeBron James, que servem para decorar seu quarto, Julian passa horas arremessando bolas em direção ao teto para aperfeiçoar o movimento utilizado nos jogos.
Para não deixar que o basquete roube as demais obrigações de Julian, seus pais criaram uma política tão eficaz que o prodígio de escola da Downey Christian tem apresentado um boletim assinalado sempre por notas máximas. A motivação é simples: antes da bola de basquete, o dever de casa. Isso explica por que o pequeno camisa 4 tem dado conta de suas tarefas escolares antes de calibrar sua pontaria pelas quadras de Orlando.