omissão de Direitos Humanos e Minorias) da Câmara dos Deputados elegeram ontem (7) o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) como presidente. Ele, que teve 11 votos dos colegas (de um total de 12, um foi em branco), é criticado por entidades ligadas aos direitos humanos por acusações supostamente racistas e homofóbicas.
Pastor da Igreja Assembleia de Deus há 14 anos, formado em Teologia e em seu primeiro mandato na Câmara, o deputado diz ter sido mal interpretado. Após ser eleito hoje, chegou a dizer que sua mãe é de “matriz negra”, apesar de não ter o “matiz de pele” negro. “Caso eu fosse racista, deveria pedir perdão primeiro a minha mãe, uma senhora de matriz negra.” Ele disse ainda que irá trabalhar “como um magistrado” no novo cargo.
A eleição aconteceu em reunião com a presença da imprensa, mas sem os movimentos sociais, cujos protestos na quarta-feira (6) levaram à suspensão da eleição. As entidades permaneceram do lado de fora do plenário e fizeram “barulho” o tempo todo. A sessão foi tumultuada. A deputada Luiza Erundina, que não concordava com a indicação, chegou a dizer que não existia mais direitos humanos na comissão e pediu que a sessão fosse encerrada.
Já o deputado Jean Willis lembrou as atitudes homofóbicas e preconceituosas de Feliciano e afirmou: “A Casa sempre reagiu mal à diversidade. Quando os negros chegaram, as mulheres, o primeiro homossexual, não foram vistos com bons olhos.”
Ele ainda rebateu a alegação da bancada evangélica de que a discussão estaria indo por um caminho religioso, dizendo que “nunca atentamos contra a liberdade religiosa de ninguém”, e defendeu que as portas fossem abertas aos manifestantes. “Os movimentos sociais estão fazendo um movimento legítimo”, declarou.
O líder do PR na Câmara, Anthony Garotinho, chegou no meio da sessão para aumentar o apoio à eleição de Feliciano. “Não se trata de uma questão religiosa, não se trata de uma questão sexual. A liberdade de opinião também é garantida aqui no Brasil”, afirmou.
Depois, o então presidente da comissão, Domingos Dutra (PT-MA), fez um discurso emocionado sobre seu trabalho junto às minorias e anunciou que estava se retirando da CDH. Ele foi seguido por outros parlamentares, entre eles Luiza Erundina e Jean Willis, que, visivelmente emocionado e chorando, também anunciou que sairia da comissão.