A expectativa da Gaviões da Fiel era que depois que um associado da torcida de 17 anos se apresentasse à Justiça como autor do disparo do sinalizador naval que matou Kevin Espada, de 14 anos, os 12 corintianos detidos na Bolívia acusados do crime fossem automaticamente soltos. Isso, no entanto, não aconteceu. E pior: fez com que aumentasse a lista de cúmplices na visão de Abigail Saba, fiscal de investigação responsável pelo caso.
Apesar de judicialmente não considerar a confissão feita pelo menor, Abigail disse que, se de fato o garoto foi o responsável pelo disparo, quem levou o menino a Oruro e o deixou voltar para o Brasil também pode ser incriminado na Bolívia. A declaração da fiscal recai principalmente sob Antônio Alan Souza Silva, mais conhecido como Donizete, presidente da Gaviões da Fiel. Foi ele quem comandou a caravana da torcida para acompanhar a estreia do Corinthians na Libertadores no último dia 20.
Com temor de ser detido caso voltasse para a Bolívia, ele, então, enviou ao país vizinho o vice-presidente Wagner da Costa, o B.O., e mais um diretor da organizada para que prestassem assistência aos corintianos presos. Ambos estão em Oruro desde a semana passada e não podem ser considerados cúmplices do menor porque não participaram da caravana. Entre os 12 detidos, nove são associados da Gaviões e três da Pavilhão Nove.
Márcia Kim, esposa de Tiago Aurélio dos Santos Ferreira, diretor da Pavilhão Nove que também está preso, é outra que, a rigor, corre risco de entrar na lista de cúmplices. Isso porque ela fez parte da caravana. Márcia, porém, não retornou ao Brasil e desde a prisão do seu marido está em Oruro prestando assistência aos detidos.
—Tenho evitado ir na delegacia, no fórum. A única coisa que faço é visitar o pessoal no presídio.
Os 12 torcedores esperam que até o fim desta semana a Justiça boliviana se pronuncie a respeito da apelação feita pelo advogado Miguel Blancourt pedindo a liberdade provisória deles. Os presos também aguardam a análise do pedido de reforma do inquérito e que a Justiça procure novas provas.
Entre as solicitações feitas pelo advogado estão a reconstituição do crime com a presença dos corintianos, a inspeção das condições de segurança do estádio Jesus Bermúdez e que a polícia apresente o critério que utilizou para, entre cerca de 300 corintianos que estavam na arquibancada, prender 12.
Neste domingo, o presidente do Corinthians, Mário Gobbi, garantiu que o clube vai ajudar a família de Kevin.
“Entraremos em contato com a família. Não fizemos isso antes, porque faz pouco tempo que aconteceu as coisas.”