Os tradicionais bailes da Apeoesp e da ABD, com certeza, nunca mais serão os mesmos. Assim como a dança da cidade não terá um de seus contumazes casais nos Jogos Regionais dos Idosos (Jori). Terça-feira de manhã, sem combinar com os familiares e com a grande legião de amigos, o professor Jonas Nenartavis Neto resolveu antecipar sua derradeira viagem.

Um eterno lutador

O marido de dona Judith, como ele a tratava carinhosamente, pai da Cibele e do Gustavo nunca temeu os desafios. Motorista de caminhão na mocidade, superou as dificuldades, formou-se em Ciências e militou no magistério oficial e particular da cidade. Em todas as oportunidades demonstrou profissionalismo e garra. Em cada setor que atuou, notabilizou-se pelo perfeccionismo, tanto na construção de aparelhos para suas aulas de laboratório, como para a montagem de uma horta ou de um jardim, na escola 9 de Julho onde lecionou por bom tempo.

Correto até o fim

Nos últimos tempos, já aposentado, trabalhava na regional do Centro do Professorado Paulista (CPP). Sem abrir mão da máquina de escrever, preparava processos e organizava viagens dos professores para as colônias de férias. Gostava de informar sobre o andamento dos processos e das reservas, através desta modesta coluna. Os pedidos vinham sempre em forma de bilhetes datilografados, antecipados por telefonemas.

Amigo dos amigos

Dividimos, por período reduzido, a direção da escola agrícola “Carmelina Barbosa”. Ao tomarmos posse, ele não fez rodeios: você cuida da parte pedagógica que eu respondo pelo resto. Sua presença à frente do comando da unidade não durou muito, pois ele pediu seu desligamento em solidariedade a uma colega que havia sido hostilizada por alguns alunos.

Solidário

Na esquina da São Paulo com a Dom Pedro, ao lado de sua residência, Jonas possuía um lote. Ali, construiu uma pequena casa que abrigou, por vários anos, uma velhinha que não tinha como se manter. Ali, ela viveu seus últimos tempos, sempre amparada pela família Nenartavis.

Sem despedida

A distância impediu que pudéssemos lhe prestar as derradeiras homenagens. Assim como não permitiu um abraço de solidariedade à Judith, filhos, nora, genro e netos. Principalmente à Judith que – em breve espaço de tempo – chora as partidas do pai João, da mãe Lourdes e do marido. Mas ela também é uma lutadora e encontrará forças para enfrentar instante tão adverso.

Bom de tempero

Além de suas habilidades como artesão, Jonas Nenartavis também era cozinheiro de mão cheia. Capacidade que exteriorizava em pequenas reuniões realizadas em sua casa da rua São Paulo ou em “ranchos” à beira do rio Paraná. Por diversas vezes, saboreamos os cardápios que ele preparava, com a inestimável ajuda de Lício de Arruda Botelho, outro grande companheiro de escola. A especialidade era arroz com linguiça, acompanhada de uma salada de alface ou agrião.

Receita apropriada

Em certa ocasião, alguns professores reuniram-se no sítio do professor Edésio Zanata, no bairro do Prado ou na Maquininha (a memória é falha). Um dos componentes do grupo estava com problema intestinal e Jonas saiu pelo campo, em busca de algum auxílio da natureza. Voltou com brotos de goiabeira e com um delicioso pão caseiro que ganhou dos proprietários de um sítio vizinho.