Ao assumir o comando nacional do PSDB, que realizou eleições ontem (18), o senador Aécio Neves (MG) se projeta como candidato natural à Presidência da República, embora ainda tenha de contornar a divisão interna no partido, segundo cientistas políticos ouvidos pelo UOL.
“O partido não tem alternativa melhor do que o Aécio. O [ex-governador de São Paulo José] Serra, isolado, é um cadáver insepulto e o [atual governador de SP] Geraldo Alckmin não tem expressividade nacional”, avalia Cláudio Couto, da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Para Couto, Aécio é o único tucano viável com chances reais na disputa ao Palácio do Planalto. “Alckmin, que seria o nome mais óbvio, teve uma performance muito ruim nas eleições presidenciais em 2006. Ele recebeu menos votos no segundo turno do que no primeiro”, observa. “Não resta ninguém com projeção nacional. O PSDB é muito fraco no Nordeste e no Sul.”
Apesar disso, Aécio precisou driblar a resistência da ala paulista da legenda, o que o fez negociar postos no alto escalão na Executiva Nacional para o grupo aliado a Serra, evidenciando a falta de unidade na sigla.
Considerados serristas, o deputado federal Antonio Carlos Mendes Thame (SP) deve ser o próximo secretário-geral do PSDB, e o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman vai continuar na vice-presidência do partido.
A estratégia também serve para apaziguar os ânimos dentro da legenda. “Havia a possibilidade de o Serra deixar o partido em direção à nova sigla criada pelo Roberto Freire para sair candidato ao governo paulista. Se isso acontecesse, seria uma dor de cabeça para o Alckmin [provável candidato à reeleição], porque dividiria o eleitorado”, analisa David Fleischer, professor da UnB (Universidade de Brasília).
Outro desafio que Aécio tem pela frente, de acordo com Fleischer, é desfazer a “imagem de partido elitista”. “O PSDB não tem apelo junto às classes mais baixas.”