Proibir a publicidade, a promoção e o patrocínio é uma das melhores formas de evitar que os jovens comecem a fumar e de reduzir o consumo na população inteira. Esta é a premissa da Organização Mundial da Saúde (OMS) ao escolher a propaganda como mote deste Dia Mundial Sem Tabaco (31). Segundo a entidade, um terço dos jovens que experimentam fumar o fazem porque são estimulados pela publicidade. Do total, 78% dos jovens de 13 a 15 anos no mundo dizem estar expostos a alguma forma de propaganda do tabaco.
“O uso do tabaco está no topo da lista de ameaças universais à saúde e, no entanto, é completamente evitável”, diz a diretora-geral da OMS, Margaret Chan. “Os governos devem ter como prioridade máxima impedir a indústria de tabaco de continuar a vergonhosa manipulação dos jovens e das mulheres, em particular, para recrutar a nova geração de viciados em nicotina.”
No Brasil
Um relatório feito pela OMS em 2011 revelava que apenas 19 países (representando 6% da população mundial) tinham atingido o nível mais elevado de interdição da publicidade do tabaco. Mais de um terço dos países tinham proibições mínimas ou nenhuma. O Brasil, a Albânia, Colômbia, Gana, o Irã, as Ilhas Maurício, o Panamá e o Vietnam são alguns dos países que mais registraram progressos, segundo a OMS.
Segundo a psicóloga Ilana Pinsky, da Associação Brasileira do Estudo do Álcool e outras Drogas (Abead), apesar das restrições à publicidade na mídia, no país, a propaganda ainda é feita em ações da indústria em eventos com a presença de jovens e também em pontos de venda. E a simples disposição dos maços ao lado de balas e chicletes em padarias e outros estabelecimentos também faz com que o cigarro seja percebido, por crianças e adolescentes, como algo que não traz maiores consequências.
As políticas antifumo, como a proibição da prática em ambientes fechados, as restrições à propaganda e as campanhas sobre os malefícios do tabaco (inclusive com imagens nos maços) fizeram a proporção de brasileiros que fumam cair de mais de 30%, há duas décadas, para 16,8%. Mas ela afirma que o maior responsável por essa redução foi a maior taxação do produto.
Na opinião da especialista, a elevação dos preços também deve ser o principal caminho para fazer o número continuar baixando: “O cigarro ainda é muito barato aqui; em Nova York, por exemplo, é três, quatro vezes mais caro”, comenta. Ela também defende a restrição dos pontos de venda e a padronização dos maços, como ocorreu recentemente na Austrália, evitando o apelo de cores, marcas e logotipos.