A Corte da Ilha de Jersey rejeitou ontem pedido do operador financeiro jordaniano Hani Bin Al Kalouti, que no passado ajudou a movimentar dinheiro da família do deputado Paulo Maluf (PP-SP) no exterior e queria ficar com parte dos recursos que a Prefeitura de São Paulo tenta trazer de volta para o Brasil.
A Justiça da ilha decidiu que US$ 1,3 milhão (ou R$ 2,7 milhões) que estava nas contas de duas empresas controladas pela família Maluf deve ser entregue à prefeitura. Em novembro, o município ganhou uma ação em que pediu que essas empresas fossem obrigadas a devolver US$ 28 milhões (R$ 58 milhões).
Operador cobra parte do dinheiro de Maluf
Outro lado: Maluf diz que não é réu e nega elo com consultor
Segundo o entendimento da prefeitura, do Ministério Público Estadual e dos juízes de Jersey, esse dinheiro é associado a desvios que teriam ocorrido na execução de obras públicas na época em que Maluf foi prefeito da capital (1993-1996) e foram enviados ao exterior há 15 anos.
Kalouti, dono da consultoria financeira suíça HBK, afirmou em Jersey que foi diretor das empresas dos Maluf e cuidou de investimentos delas, mas até hoje não recebeu “um significativo valor de comissões” devido pelas companhias. Segundo o operador, a dívida foi reconhecida pela corte da ilha em 2007.
Ontem, Kalouti repetiu afirmação feita à Folha na quarta-feira de que aceita que o montante de US$ 1,3 milhão seja usado para a devolução aos cofres da prefeitura.
Segundo a assessoria de Maluf, o deputado não conhece o consultor jordaniano e não teve nem tem qualquer vínculo com as empresas condenadas em Jersey.
Documentos do processo mostram que ele e seu filho Flávio controlavam as duas empresas e movimentavam suas contas bancárias em Jersey, paraíso fiscal britânico.
Além da quantia cujo destino foi decidido ontem, a prefeitura já conseguiu recuperar 1 milhão de libras esterlinas (R$ 3,3 milhões), valor liberado na semana passada.