A um ano da abertura, data festejada nesta quarta-feira, o plano de preparação do Brasil para a Copa do Mundo de 2014 diminui de tamanho, mas seu orçamento não cai na mesma proporção. O encolhimento do projeto ocorreu com a exclusão de grandes obras de mobilidade urbana, as que mais beneficiariam a população e eram tidas como o grande “legado” que os torneios gerariam para o país. Em contrapartida, cresceram os gastos relacionados aos estádios, seja na sua construção ou no seu entorno, itens que terão menor uso posterior ao torneio, ou mesmo uso nenhum.
Levantamento do UOL Esporte em cima de dados do governo federal e dos governos estaduais e municipais mostra que atualmente a conta da Copa está em R$ 26,750 bilhões. Há um ano, a Matriz de Responsabilidades da União, que reúne todos os projetos e obras ligados ao plano oficial do governo, indicava o valor de R$ 26,8 bilhões. Reajustado pela inflação, esse montante atingiria R$ 28,5 bilhões, considerando índice de 6,5% pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
Mais recentemente, em abril deste ano, a União publicou uma revisão com o número de R$ 25,520 bilhões como conta da Copa. Mas, nesta lista, foram desconsiderados incrementos nos orçamentos de estádios como o Maracanã, o Estádio Nacional de Brasília, a Arena Pantanal e a Arena das Dunas, ocorridas posteriormente. Também ficaram de fora as despesas com instalações provisórias que terão utilidade apenas durante os torneios da Fifa (Copa das Confederações e do Mundo), que o governo promete incluir no futuro.
Contabilizados todos esses números, a conta do Mundial tem queda pouco significativa apesar de terem saído da lista da Copa obras importantes, que não cumpririam o prazo. Entre elas, estão os dois únicos projetos de mobilidade de Manaus, o Monotrilho e o BRT (Bus Rapid Transit) Eixo Leste, que tinham um custo conjunto de R$ 1,6 bilhão.
Em São Paulo, foi excluído o monotrilho da Linha 17-Ouro do Metrô de São Paulo, que ligaria o aeroporto de Congonhas aos trens metropolitanos – seu custo seria R$ 1,9 bilhão só na parte financiada com verbas carimbadas para obras da Copa (o total ultrapassa os R$ 3 bilhões). Outras obras importantes em Curitiba, Natal e Porto Alegre também foram excluídas da lista do Mundial, em um total que representaria mais de R$ 4 bilhões.
“As obras retiradas representam parte minoritária dos projetos listados, fato que não comprometerá o bom andamento e a realização da Copa do Mundo”, informou o Ministério do Esporte, que promete que os projetos serão finalizados por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Isso fez com que os projetos de mobilidade urbana tivessem reduzida sua participação na Copa ao mesmo tempo em que cresciam os gastos com estádios, cujos incrementos não foram contabilizados pelo governo federal até agora. O Maracanã sofreu um aumento de 50%, atingindo R$ 1,2 bilhão. Já o Estádio Nacional de Brasilia passou de R$ 672 milhões para nada menos que R$ 1,566 bilhão.
Outros projetos de mobilidade foram incluídos na lista da Copa, mas só são significativas as obras no entorno dos estádios. São os casos das intervenções em volta do Maracanã e do Itaquerão.
Apesar de todos esses reajustes em relação aos estádios, o Ministério do Esporte mantém que o valor atual a ser considerado como total gasto com a Copa é de R$ 25,5 bilhões. Mas promete uma nova revisão da Matriz de Responsabilidades para depois da Copa das Confederações.
“Os valores de investimento para a Copa do Mundo são aqueles que constam na Matriz. O valor de R$ 33 bilhões constitui uma previsão, que pode não ser alcançada ao término do evento”, explicou o ministério sobre a previsão de gasto final do governo quando tudo estiver contabilizado.
* Colaborou Leandro Carneiro, do UOL, em São Paulo