novo protesto contra o aumento das tarifas de ônibus, metrô e trem, realizado na terça-feira (11), terminou com 16 pessoas detidas em São Paulo. Segundo a Polícia Civil, dez foram presos sem direito a fiança por formação de quadrilha, incêndio e danos ao patrimônio particular. Elas serão transferidas pela manhã para um CDP (Centro de Detenção Provisória) da capital.

Uma pessoa, acusada de dano qualificado e incêndio, segue detida no 78º DP (Jardins) e terá que pagar uma fiança de R$20 mil para ser liberada. Outras quatro pessoas assinaram um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência) por pichação e desacato e foram soltas durante a madrugada.

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Entre os detidos há ainda um menor de 16 anos, que foi apreendido pela polícia, ouvido e liberado. Cinco policiais militares ficaram feridos, sendo que uma PM feminina quebrou o braço.

De acordo com o balanço divulgado pela polícia, os manifestantes danificaram sete ônibus durante o protesto, que durou cerca de 6h. Foram apreendidos pela polícia objetos como fogos de artifício, placas, máscara de gás, extintores de incêndio e até um bicicleta.

Entre os presos está Pedro Ribeiro Nogueira, jornalista do portal Aprendiz. Segundo sua mãe, Beatriz Ribeiro, 56, ele exercia a sua profissão quando foi preso por Policiais Militares. “Ele ajudava uma mulher no momento que foi preso. Ele não fez nada e está aqui [na delegacia] injustamente”, disse.

“Os policias prenderam diversas pessoas aleatoriamente. Estão tentando desmoralizar o movimento”, afirmou o professor Lucas Oliveira, 29, que estava no momento do protesto.

O delegado de plantão, Severino Pereira de Vasconcelos, rebate a afirmação de Oliveira e diz que todos foram presos após um trabalho de acompanhamento da PM. “A Polícia Militar identificou todos, os perseguiu e os prendeu em flagrante. As acusações foram qualificadas individualmente”, disse.

O delegado explicou ainda o motivo pelo qual dez dos detidos não puderam ter uma fiança estipulada: “O potencial dos crimes [formação de quadrilha] impede que a autoridade policial estipule uma fiança, cabe a justiça determinar isso”, disse Vasconcelos.

PROTESTO

A avenida Paulista foi liberada para o tráfego apenas por volta das 23h, após o término do ato. A via, no entanto, ficou com um rastro de vandalismo, com vidros quebrados e pichações em agências bancárias, lojas, estações de metrô e base da PM.

No começo da madrugada era possível ver, agentes da prefeitura trabalhando para a limpeza das calçadas em diversos pontos onde a marcha de manifestantes passou como na Avenida Paulista e na Ligação Leste-Oeste.

Os cerca de 5.000 manifestantes começaram o ato por volta das 17h na praça do Ciclista, na avenida Paulista, e seguiram em passeata pela região central, passando pela Consolação, pela ligação leste-oeste, pela Liberdade, que tiveram interdições. O grupo também pichou muros e ônibus pelo caminho.

O primeiro confronto ocorreu no terminal Parque Dom Pedro 2º, quando um grupo de manifestantes furou o cerco da polícia e entrou no local, onde mais ônibus foram danificados. Uma parte do grupo jogou pedras contra a polícia, que respondeu com bombas de gás lacrimogêneo.

“Eu estava com 15 passageiros, o pessoal de capuz ameaçou atear fogo. Pedi para o pessoal sair e aí eles destruíram todo o ônibus. Meteram pedra de cima abaixo”, disse o motorista de um veículo da linha 435 da EMTU (Diadema-25 de Março).

Os manifestantes se dividiram em grupos menores, mas novos confrontos foram registrados em pontos isolados, como na praça da Sé. Mais tarde, parte das pessoas voltou a se reunir na avenida Brigadeiro Luís Antônio, em direção à avenida Paulista, onde novos confrontos foram registrados.

Um carro que passava pela avenida Paulista no momento da confusão acabou atropelando dois manifestantes. O motorista fugiu em seguida, mas o casal atingido não teve ferimentos graves.

Esse é o terceiro protesto feito contra o aumento das passagens de ônibus em menos de uma semana. Na quinta-feira, manifestantes liderados pelo Movimento Passe Livre fecharam avenidas como a Nove de Julho, a 23 de Maio e a Paulista. Houve confronto com a PM e os manifestantes deixaram um rastro de vandalismo.

A passagem foi reajustada de R$ 3 para R$ 3,20 no último dia 2. A inflação desde o último aumento nos ônibus da capital, em janeiro de 2011, foi de 15,5%, de acordo com o IPCA (índice oficial, calculado pelo IBGE). No caso do Metrô e dos trens, o último reajuste ocorreu em fevereiro de 2012. Se optassem por repor toda a inflação oficial, a gestão Fernando Haddad (PT) teria de elevar a tarifa para R$ 3,47 e o governo Alckmin, para R$ 3,24.