A Força Nacional de Segurança chegou no final da manhã desta sexta-feira (7) a Sidrolândia (71 km de Campo Grande), onde na semana passada um índio de 35 anos de idade morreu baleado durante confronto com policiais federais e militares que cumpriam mandado de reintegração de posse. Foi também em Sidrolândia que, nesta semana, outro indígena levou um tiro nas costas disparado supostamente por capangas da fazenda Buriti, situada no município.
Os 110 homens da FNS devem ficar na região por prazo de 180 dias, segundo informou nessa quinta-feira (6) o major e comandante da corporação, Luiz Alves. “Não estamos aqui para fazer reintegração, e sim para pacificar”, disse o comandante, durante reunião com lideranças indígenas, Funai, Polícia Federal e o Ministério Público Federal.
Otoniel Gabriel, líder indígena que participou da reunião com o comando da FNS, disse que os militares vão montar acampamentos em dois pontos da região, um no Parque de Exposição da cidade, outro no que ele chamou de “pontos estratégicos” das aldeias, onde vivem cerca de 4.000 índios. “A qualquer momento, eles [Força] seguem para a aldeia”, disse Otoniel, irmão de Oziel Gabriel, o índio morto no conflito.
Os militares, segundo o comandante Alves, vão centrar a atenção nas zonas de conflito. Na região, quatro fazendas foram ocupadas por índios: Cambará, Santo Antônio, Lindóia e Buriti. A Força vai fazer rondas em frente as fazendas, nas aldeias e ainda nas estradas vicinais. A distância da cidade de Sidrolândia até a entrada das fazendas e aldeias é de 24 km. Fazendas e aldeias são vizinhos, e seus habitantes usam o mesmo trajeto para seguir até outra região.
Otoniel Gabriel disse que os índios concordaram com a ideia da Força ficar por seis meses na região. Mesmo com a presença da Força, dois produtores rurais da região, cujas fazendas não foram invadidas, entraram com pedido de habeas corpus e o Tribunal de Justiça, por meio de decisão do desembargador João Maria Lós, concedeu a eles o amparo de não precisar sair da área em caso de invasões.
Donos das áreas ocupadas saíram das propriedades por determinações dos índios. A decisão favoreceu os donos das fazendas Furnas da Estrela eVassouras, segundo o advogado Newley Amarilha, que cuida das duas causas.