Belo Horizonte receberá seu principal jogo da Copa das Confederações no momento de maior tensão pelos protestos ocorridos nas últimas semanas. O duelo semifinal, pelo qual o Governo de Minas Gerais brigou nos bastidores e planejava como grande vitrine do Estado, é tratado mais como questão de segurança pública do que como uma festa para a Seleção Brasileira.
Quando o Brasil entrar em campo para enfrentar o Uruguai nesta quarta-feira, o entorno do Estádio Mineirão inevitavelmente terá novos confrontos. Pelo menos é com essa certeza que a Polícia do Estado trabalha. “Dou como certo um novo confronto quarta”, disse o coronel da Polícia Militar do Estado, Márcio Santana, em entrevista concedida no domingo, em uma clara indicação de que a urgência do assunto não admite pausa para o fim de semana.
Diferentemente de outras sedes da Copa das Confederações, que viram uma diminuição no número de confrontos e manifestantes nos últimos jogos, Belo Horizonte viveu seu pior dia na última quinta. Enquanto Japão e México se enfrentavam no Mineirão, no lado externo as cenas eram de uma guerra civil.
Policiais relataram, sob condição de anonimato, que a violência nos protestos na cidade é crescente e teve como seu ápice o sábado, quando os distúrbios invadiram a madrugada. A cidade recebeu ainda Nigéria e Taiti, mas a grande cereja do bolo será Brasil x Uruguai, jogo de maior visibilidade, com presença maciça da imprensa mundial.
A Polícia analisa a pancadaria dos últimos atos como uma tentativa de publicidade por parte de grupos já pré-dispostos à violência. Com uma partida de maior repercussão, a lógica indica, se não um maior número de manifestantes, uma inevitabilidade de confronto.
Policiais que estão na linha de frente das ações relataram a ansiedade por novas batalhas. Com a escala alterada e folgas reduzidas desde que os primeiros protestos tomaram conta de Belo Horizonte, eles contam que convivem com a preocupação familiar e monitoram pela Internet os novos confrontos.
Um deles disse que se assustou com o número de pessoas organizando no Facebook novas manifestações na quarta-feira. Na noite de domingo, um grupo de estudantes e movimentos sociais confirmou que repetirá o protesto no dia do jogo, com concentração na Praça 7 de Setembro com o entorno do Mineirão como destino.
A Polícia informou que analisa a possibilidade de existirem vândalos infiltrados de outros Estados na manifestação de sábado, que reuniu cerca de 100 mil pessoas nas ruas da cidade. Diante dos distúrbios e dos danos na última manifestação, o discurso policial é de aumentar a repressão.