Foi linda a festa, toda a alegria e a espontaneidade legítima que invadiram as ruas, com a avenida Paulista transformada num verdadeiro boulevard da cidadania. Foi embriagante para quem estava lá ou apenas assistindo à distância, vendo os filhos desta pátria mãe gentil não fugindo à luta, não foi?

Pois é, mas como não há pileque sem ressaca, eis que a dura realidade está agora na nossa cara, na nossa casa, na nossa rua: lojas saqueadas, carro de TV incendiado, depredação e violência civil para todo lado, até o nosso querido Theatro Municipal totalmente pichado.

Repito aqui um post de agora há pouco no meu Facebook: “muito bem: os garotos e garotas do MPL [Movimento Passe Livre] precisam convocar urgente uma entrevista coletiva e dizer com todas as letras que repudiam, condenam e são contra os saques, quebra-quebra, incêndios e quetais. Se não fizerem isso, perdem a legitimidade e podem, sim, ser responsabilizados pelo desandar do movimento que iniciaram. Não têm o direito de ficar apenas com os louros…”

Mesmo porque se deixarem tudo na conta do que chamam de “revolta popular” eles estarão referendando a impunidade de quem não tem nada a ver com a absoluta maioria pacífica que tomou o controle da cidade na segunda-feira, em nome do que quer que fosse, contra aumento de ônibus, contra metrô lotado, contra gastos da Copa, contra político corrupto, contra a política, contra partido, contra proibição do aborto ou contra-tudo-isso-que-está-aí.

Da mesma forma que expulsaram bandeiras partidárias da manifestação, é preciso expulsar, ainda que formalmente, os saqueadores e vândalos deste momento histórico do Brasil, que pertence a todos nós.

Ou aqueles playboys fortões e mascarados que arrebentaram a portaria do prédio da nossa prefeitura e tacaram fogo no carro da TV Record nos representam?

Com a palavra quem começou tudo, e não me decepcione, por favor, Movimento Passe Livre…