Pelo menos cem manifestantes foram presos na noite de segunda-feira (24) por atos de vandalismo em Porto Alegre na terceira manifestação popular contra o aumento das passagens de ônibus em uma semana. As escaramuças entre soldados da Brigada Militar (BM) e os arruaceiros se estenderam até a madrugada.
Apasseata, que reuniu cerca de 10 mil pessoas no centro segundo a Brigada Militar, começou pacífica por volta das 18h40 mas terminou com saques e depredação, que se prolongaram até depois da meia-noite.
A BM teve dificuldade para controlar grupos de vândalos que atuaram paralelamente à marcha, convocada pelo Bloco de Luta pelo Transporte Coletivo e que teve a participação também de entidades sindicais e partidos políticos.
O conflito iniciou por volta de 20h, quando cerca de 70 arruaceiros quebraram lojas e carros no bairro Cidade Baixa, região central da cidade.
Os bombeiros foram acionados 33 vezes, segundo a BM – a maioria das vezes para apagar incêndios e contêineres de lixo. A EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação) contabilizou 17 contêineres destruídos pelos vândalos.
Pelo menos oito agências bancárias foram atacadas no centro de Porto Alegre, além de cinco lojas. Uma agência do Banrisul, destruída na última quinta-feira na avenida João Pessoa, voltou a ser depredada nesta segunda-feira. Oito veículos também foram saqueados no trajeto dos vândalos.
TVs de 42 polegadas
Por volta das 23h, 20 pessoas foram detidas no centro depois de promoverem saques a duas lojas. Com os vândalos foram encontradas duas TVs de 42 polegadas, uma TV de 40 polegadas e dois notebooks.
Segundo o Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, cinco pessoas feridas na confusão deram entrada na emergência até meia-noite – nenhuma delas com gravidade. Um dos feridos já foi liberado.
O confronto mais grave se deu na esquina da Borges de Medeiros com a rua da Praia – a chamada de Esquina Democrática. Pedras e rojões foram jogados contra os policiais, que responderam com bombas de gás e de efeito moral. A tropa de choque e a cavalaria entraram em ação para dispersar os vândalos.
Manifestantes contrários aos atos de depredação se posicionaram em frente a uma loja de cosméticos para impedir a depredação. Segundo a BM, uma briga entre os arruaceiros e grupos contrários à baderna provocou a confusão, que demorou mais de uma hora para ser controlada.
A intervenção teria sido necessária, segundo a corporação, porque alguns baderneiros portavam rojões e pedras.
Palácio isolado
Por recomendação do Sindilojas, o comércio de rua de Porto Alegre fechou as portas às 16h30 de ontem para evitar transtornos com mais uma manifestação contra o aumento das passagens.
Até o Mercado Público, tradicional ponto de vendas do centro, suspendeu as atividades de mais de cem bancas antes do horário de fechamento, às 20h. Bancos e lojas reforçaram as medidas de segurança com a colocação de tapumes nas vitrines.
Uma agência da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) lacrou toda a frente do prédio. O Palácio Piratini, sede do governo estadual, foi totalmente isolado pela Brigada Militar. Apenas os moradores puderam passar num raio de até três quadras.
A BR 116, principal rodovia da região metropolitana, foi bloqueada nos dois sentidos em Canoas a partir das 17h por mais de mil manifestantes, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). O bloqueio se manteve por mais de cinco horas.
Novos protestos
Vândalos quebraram vidros de uma galeria e também roubaram objetos de uma relojoaria. Cinco suspeitos de roubar motoristas, presos no congestionamento, também foram detidos pela Brigada Militar.
Outros quatro protestos estão marcados para cidades da região metropolitana nesta tarde: Novo Hamburgo, Estância Velha, Cachoeirinha e Gravataí.