O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), anunciou no início da madrugada desta quinta-feira (18) que convocou reunião de emergência com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, a chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, o comandante da Polícia Militar, Coronel Erir da Costa Filho, os secretários da Casa Civil, Regis Fichtner, e de Governo, Wilson Carlos Carvalho, para o Palácio Guanabara sede do governo estadual, às 8h.

Segundo nota enviada pela assessoria de Cabral, o encontro “vai tratar do vandalismo praticado na zona sul do Rio de Janeiro quarta-feira [17]”.

Depois da reunião, o governador vai se reunir às 9h30 também no Palácio Guanabara com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), a presidente do Tribunal do Justiça, desembargadora Leila Mariano, o procurador-geral do Estado, Marfan Martins Vieira, o presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz, e o defensor-geral do Estado, Nilson Bruno.

Protesto

Na tarde de quarta-feira, um protesto na rua onde mora o governador terminou em confronto entre a polícia e as pessoas que protestavam no local. Bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha foram usadas para dispersar os manifestantes.

A Polícia Militar anunciou que 15 pessoas foram detidas e ao menos quatro PMs ficaram feridos.

Agências bancárias, lojas e pelo menos uma banca de jornal foram depredadas e barricadas foram montadas com lixo incendiado. Faltou luz em vias do bairro.

Mais cedo, cerca de mil manifestantes se concentraram no entorno da casa do governador, onde um grande contingente da Tropa de Choque da Polícia Militar se encontrava para garantir a segurança e evitar confusão. O evento foi marcado via Facebook. Por volta das 20h15, um grupo de manifestantes da Rocinha se juntou àqueles que estavam perto da casa do governador.

Até as 20h, o protesto era pacífico, mas três manifestantes foram expulsos sob gritos que os acusavam de serem “P2” –informantes infiltrados da polícia.

Por volta das 22h, alguns manifestantes se dispersaram e seguiram pela rua Bartolomeu Mitre, ao fim da via, quebraram uma porta de vidro de um prédio de uma sede administrativa da Rede Globo, eles também colocaram fogo em entulhos que estavam em um caçamba, um segurança do prédio jogou água para apagar o fogo e dispersou o grupo. Às 21h30, uma manifestante sozinha pichou um veículo do SBT.

Por causa dos manifestantes as duas pistas da avenida Delfim Moreira, dos dois sentidos, foram fechadas por volta das 19h20, da rua Rainha Gulhermina até a avenida Niemeyer. Um quarteirão foi bloqueado pela Tropa de Choque entre as ruas Delfim Moreira e General San Martin, por isso, apenas moradores do local entram.

Os manifestantes, principalmente jovens, carregavam cartazes com dizeres contra a corrupção e pedindo investigação sobre escândalos políticos.

A rua onde mora o governador foi bloqueada desde o início da tarde com grades de ferro e segue protegida por cerca de 60 policiais militares usando escudos e capacetes. Pelo menos 15 viaturas da Polícia Militar estão estacionadas em frente à residência de Cabral, incluindo um caminhão que lança jatos de água.

A polícia observou a ação das pessoas, sem intervir. Um grupo de policiais, que resolveu passar entre os manifestantes, chegou a ser cercado e hostilizado pela multidão, mas não reagiu.

Os manifestantes reivindicavam a abertura de CPIs (comissões parlamentares de inquérito) sobre o uso, pelo governador, de helicópteros do Estado para fins particulares e sobre as relações do governo com a construtora Delta.

A pauta inclui também a desmilitarização da polícia, contra a privatização do Maracanã (Estádio Jornalista Mário Filho), a demolição do prédio do antigo Museu do Índio e contra as remoções compulsórias de famílias por causa das obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas. (Com Estadão Conteúdo)