O presidente da Fifa, Joseph Blatter, afirmou em entrevista à agência DPA ontem (17) que o Brasil pode ter sido uma escolha errada para ser sede da Copa do Mundo de 2014 por conta dos recentes protestos contra a realização do torneio durante a Copa das Confederações, no mês passado. 

O dirigente disse à agência alemã que “se acontecer novamente, nós teremos que questionar se tomamos uma decisão errada ao escolher o país como sede” e que a Fifa não tem nada para aprender com os protestos, mas sim os políticos brasileiros.
“Nós não temos nada que aprender com os protestos, mas os políticos do Brasil sim”, analisou Blatter, que entende que “a Fifa não pode ser responsabilizada” pela desigualdade social no Brasil.
As declarações foram dadas em um congresso sobre esporte, mídia e economia organizado por Franz Beckenbauer na Áustria e o dirigente afirmou que retomará o assunto em encontro com a presidente Dilma Rousseff em setembro.
Milhares de pessoas tomaram as ruas durante a realização dos jogos da Copa das Confederações para questionar os gastos governamentais para a construção de estádios e criticar a falta de investimento em outras áreas, principalmente saúde e educação.
Cidades como Belo Horizonte, Fortaleza, Salvador e Rio de Janeiro foram os principais palcos das manifestações, que muitas vezes acabavam em atos de vandalismo e conflitos entre ativistas e policiais. A rotina dos membros da organização da Copa das Confederações chegou a ser alterada por conta dos acontecimentos.
Brasília, palco apenas do jogo de abertura da competição entre Brasil e Japão, também recebeu um violento protesto.
“Creio que esses protestos foram sinais de alerta para o governo, o Senado e a Câmara. Devem trabalhar para que isto não volte a acontecer. Ainda que haja protestos, se forem pacíficos, é parte da democracia e têm de ser aceitos. Estamos convencidos de que o governo e, especialmente a presidente, encontrarão as palavras e ações para evitar. Há ainda um ano”, avisou.
A entidade que organiza a Copa do Mundo já demonstrou seu descontentamento com os protestos logo após o fim da Copa das Confederações. Blatter disse que “a realização da Copa do Mundo não deveria ser perturbada no próximo ano.”
“Não foi uma reunião política, mas sim enfatizamos o tema da instabilidade social que houve durante toda a Copa das Confederações. O governo já sabe que não deve haver novos distúrbios no Mundial do próximo ano”, disse.