A morte de uma jovem chinesa eletrocutada ao atender uma ligação no iPhone ligado à tomada, além de casos de explosões de aparelhos, mostram que é preciso tomar alguns cuidados ao carregar a bateria do seu celular. Especialistas consultados pelo UOLafirmam que, embora casos com vítimas fatais sejam raros, acidentes como choques e incêndios podem ocorrer. Os motivos principais são falhas na instalação elétrica e “gambiarras”, além de mau uso do carregador.
“Não é para ter neura. O caso na China foi algo atípico, tendo em vista a quantidade de celulares usados no mundo e a pouca quantidade de incidentes semelhantes. Se o usuário segue cuidados básicos de segurança, a chance de algo assim ocorrer é praticamente nula”, tranquiliza Marcelo Zanateli, professor de Engenharia Elétrica do Centro Universitário da FEI.
Carregadores de celular funcionam como um transformador de energia, fazendo com que a corrente seja diminuída ao passar da tomada para o aparelho — os 127 volts da tomada se tornam 5 volts para o celular.
“Qualquer falha que ocorra ali pode fazer com que o carregador transfira, diretamente, a corrente maior, causando choque ou superaquecimento do celular”, explica Edson Martinho, diretor-executivo da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade).
Portanto, o primeiro cuidado dos usuários de celular é “da tomada para dentro”, ou seja, a verificação da instalação elétrica local. “Uma revisão da rede interna da casa deve ocorrer no mínimo a cada cinco anos e ser feita por um profissional habilitado”, recomenda.
Cada parte da infraestrutura é importante, explica Martinho, e não apenas os disjuntores e tomadas. “O correto dimensionamento dos fios, por exemplo, pode evitar seu superaquecimento e ocorrência de incêndios.” A instalação da casa deve ter ainda um sistema de aterramento adequadamente projetado. “Usar condutor de proteção [fio terra] é a primeira segurança contra choques elétricos”, ressalta.
Da tomada para fora
A maioria dos incêndios em residências, afirma o representante da Abracopel, ocorre pela sobrecarga na instalação elétrica. Um dos “vilões” é o benjamim, acessório multiplicador de tomadas. “Evite usá-lo. Ele deveria ser uma solução provisória, mas as pessoas acabam deixando na tomada para sempre”, diz Martinho.
Cada equipamento a mais ligado àquele ponto onde apenas um era esperado, explica, vai sobrecarregando a tomada e os fios. “Se o disjuntor não atuar corretamente, aquele ponto vai superaquecer e pode iniciar um incêndio.”
Extensões e adaptadores de padrões de tomada também devem ser evitados – bem como gambiarras. “Qualquer adaptação é sempre um ponto possível de mau contato. Fios emendados representam riscos, assim como adaptadores e extensões, principalmente aqueles não certificados.”