Nunca Ney Franco esteve em um momento tão ruim como está agora no comando do São Paulo. O treinador já está praticamente sem nenhum apoio e pode perder o cargo antes mesmo do clássico de domingo, diante do Santos, pelo Campeonato Brasileiro.

A crise se estende tanto entre os jogadores quanto com os dirigentes. Dentro de campo, os comandados detestaram as declarações de seu superior após a derrota por 2 a 1 para o Corinthians. Foi considerada traição, como gostam de dizer os atletas, a declaração dele afirmando que não poderia entrar em campo para dar passe.

Na visão deles, Ney quis se livrar da culpa de um revés que pode complicar a busca são-paulina pelo título. Até por isso, ele afirmou que o problema do time, na quarta-feira, foi técnico e não tático. Publicamente, a resposta veio da boca de Aloísio, que, inclusive, admitiu que a fala virou assunto no elenco. 

O afastamento de Fabrício também não caiu bem no elenco. Os são-paulinos ficaram sabendo que o volante ficou de fora a pedido especial do treinador, diferentemente de alguns dos sete atletas que foram afastados por vontade dos diretores.

Nos últimos meses, aliás, qualquer deslize de Ney não é perdoado. O treinador se ausentou de um treino de sábado, com autorização da diretoria, e mesmo assim virou alvo de críticas.

Fora do campo, Ney Franco perdeu o apoio ao tentar as diversas mudanças táticas e não conseguir sucesso com nenhuma delas. O treinador não achou um substituto para Lucas, vendido para o Paris Saint-German, e, mesmo assim, insistiu no 4-3-3, colocando Paulo Henrique Ganso, que custou R$ 24 milhões, no banco de reservas.

Na trágica derrota para o Arsenal de Sarandí, na Argentina, pela Libertadores, o treinador chegou a testar um esquema nunca treinado, o 3-5-2. No jogo, Lúcio deixou o campo esbravejando, jogando seus equipamentos contra o chão e, na chegada ao Brasil, não poupou críticas ao treinador. Depois, como castigo ficou no banco de reservas e foi obrigado a pedir desculpas.

Juvenal Juvêncio segura o treinador por tentar não ir contra as suas próprias convicções. Durante a crise após a eliminação da Libertadores, o presidente falou que não gostaria de demitir mais um treinador, por saber que receberia críticas de torcedores e também da imprensa.

O problema é que, em ano eleitoral, ir contra a convicção da maioria dos conselheiros significa um risco muito grande na tentativa de sucessão presidencial. O mais cotado para ir ao pleito, inclusive, é Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, que já está convencido que Ney Franco não pode mais comandar o São Paulo.