Membros da Irmandade Muçulmana realizam nesta sexta-feira um ato em repúdio ao golpe militar que depôs o presidente islamita Mohammed Mursi na quarta-feira (3).
Reunidos em redutos como a Universidade do Cairo e a mesquita de Rabia al-Adawiya, eles exigem o retorno do primeiro governo democraticamente eleito no Egito.
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As manifestações foram iniciadas após a principal oração da semana. O país observava os protestos com atenção, por poderem dar indícios de qual será a resistência da Irmandade Muçulmana nos próximos meses à nova situação política no país.
A organização tem sofrido revezes políticos desde a deposição de Mursi –que se encontra detido pelos militares. Além dele, ao menos oito membros da organização foram presos, e há relatos de ordem de prisão a outros 300 islamitas.
Ouvido pela Folha durante a semana, Gehad al-Haddad, porta-voz da irmandade, denunciou haver uma perseguição ao grupo. Membro da organização acusam o Exército de contratar gangues para, disfarçados de militantes da oposição, agredi-los. Dezenas de pessoas morreram nesta semana em embates.
Na madrugada, militantes islamitas atacaram um aeroporto no deserto do Sinai, deixando um soldado morto e dois feridos, de acordo com informações da agência de notícias estatal. Houve confrontos em outros pontos da região, e há relatos de que as Forças Armadas perseguiam militantes usando helicópteros militares.
A sensação de uma caçada a islamitas foi reforçada, na quinta-feira (4), com a prisão de Mohamed Badie, líder máximo da Irmandade Muçulmana. Ele foi detido na cidade de Marsa Matrouh, ao norte do país, em local próximo à fronteira com a Líbia –mas, segundo o Exército, não tentava deixar o Egito.
Desde as vésperas do golpe militar, simpatizantes da Irmandade Muçulmana se aquartelavam em bairros islamitas. Eles prometiam resistir em nome da legitimidade do presidente eleito. A entrada, ali, dependia de checkpoints militares e, mais adiante, de revista a encargo dos militantes. Homens com capacetes de construção civil e pedaços de pau faziam as vezes de segurança.
Em seu discurso de posse, na quinta-feira (4), o presidente interino Adly Mansur havia acenado aos setores islamitas, convidando-os ao debate político que deve levar às eleições presidenciais e parlamentares –ainda sem prazo determinado. No entanto, as ações do governo tem apontado direção outra.
Entre islamitas, há receio de que o país retorne a um período em que, a exemplo do visto durante a ditadura de Hosni Mubarak, os membros da Irmandade Muçulmana sejam perseguidos e impedidos de exercer atividade política. Há temor, também, de que grupos militantes islamitas, como o Gamaa al-Islamiya, voltem a recorrer à resistência armada.