Em entrevista nesta sexta-feira (26) à rádio CBN, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), disse que os imprevistos e as alterações no cronograma da visita do papa Francisco à cidade não devem ser transformados em um “complexo de vira-lata”.
“O Rio não é o paraíso, não é a cidade mais perfeita do mundo, longe disso. Agora, não vamos transformar tudo que a gente faz em um complexo de vira-lata, achar que tudo é uma desgraça. É só entrar no site do [dos jornais espanhóis] ‘El País’, do ‘ABC’, do ‘El Mundo’, [e ver que] a jornada em Madrid [em 2011] teve 300 mil pessoas que não conseguiram entrar no Campus da Fé. Teve um protesto às vésperas do evento na Plaza del Sol, faltou comida para os voluntários. Temos que admitir erros quando acontecem, mas não podemos ficar com complexo de vira-lata.”
Ontem, a organização da jornada no Rio cancelou a realização da vigília e da missa de encerramento do evento, marcadas para acontecer respectivamente no sábado (27) e no domingo (28). Por conta do mau tempo, o Campus Fidei, em Guaratiba (zona oeste), local onde os peregrinos passariam a noite do fim de semana, está alagado.
Segundo reportagem da ‘Folha”, a Prefeitura gastou R$ 6 milhões para dragar o rio e canais de Guaratiba, para garantir a realização da jornada, mas ainda desconhece quanto pagou para construir quatro passarelas provisórias, a fim de facilitar o acesso dos fiéis.
Segundo Paes, dificuldades em eventos de grandes proporções acontecem em todo o mundo, mas o clima no Rio é de paz, mas o prefeito reconhece que os erros poderiam ser evitados.
“Há uma falta de previsibilidade que é normal em um evento tão complexo, mas isso não justifica os erros”, disse.
Questionado sobre a nota que daria ao evento, o prefeito disse que não caberia dar uma nota para organização da visita do papa. “Acho que a gente tem a obrigação de ser perfeito, mas para a jornada, para o papa e para juventude que está nas ruas, dou nota mil.”
Na última quarta-feira (24), durante entrevista coletiva, Paes havia comentado que “o papa era um criador de engarrafamento”.
Ontem, o prefeito havia defendido a aplicação de uma “multa monstruosa” ao MetrôRio, em razão de uma falha que interrompeu a operação dos trens por quase duas horas na tarde da última terça (23).
Paes disse, ainda, que a escolha do terreno de Guaratiba pode ter sido equivocada. A alteração obrigou a Prefeitura do Rio a reorganizar as estruturas de transporte, segurança e atendimento aos peregrinos.