O PMDB quer manter a aliança com a presidente Dilma Rousseff em 2014? Para responder a essa pergunta, o principal aliado do governo decidiu realizar um “plebiscito” com deputados, senadores e presidentes de diretórios regionais da legenda.

A primeira etapa com os deputados transformou o gabinete do vice-presidente Michel Temer nos últimos dias numa espécie de confessionário. A dinâmica foi a mesma: um a um, os deputados tiveram uma conversa preliminar com Temer e depois responderam a um questionário aplicado por Eliseu Padilha, presidente da Fundação Ulysses Guimarães.

Foram ouvidos mais de 60 dos 80 deputados e as conversas devem ser retomadas em agosto, na volta do recesso parlamentar.

A decisão de fazer a pesquisa foi tomada diante das crescentes reclamações contra o Planalto e os protestos nas ruas no mês passado. A intenção é montar uma radiografia sobre como o partido vê o atual cenário político e que rumo seguir. São 25 perguntas sobre três temas: a situação do partido no Estado para as eleições de 2014; a relação com o governo federal e as manifestações de junho.

“A maioria quer continuar com a aliança, mas diz que quer ser efetivamente aliado, quer ter participação igual ao PT”, disse Padilha. “O parlamentar quer mais atenção do governo, quer mais participação porque quer o prestígio de entregar uma obra, mostrar seu trabalho. Quer o ônus e o bônus”, completou.

Padilha diz que que, quando for concluída, a enquete será levada a Dilma pelo vice-presidente.

No primeiro semestre, a relação do Planalto com o PMDB na Câmara foi instável e piorou depois que as pesquisas mostraram desgaste na popularidade de Dilma com as manifestações de junho. Líderes do partido se valem da fragilidade para exigir mais espaço no governo e há ainda quem defenda de forma mais discreta a “volta Lula”.

EMBATES

No Congresso, os embates mais fortes foram a Medida Provisória dos Portos, o enterro do plebiscito sobre uma reforma política e o apoio para a criação de uma CPI para investigar a Petrobras.

Em entrevista à Folha, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), defendeu a redução do número de ministérios, de 39 para 25. A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) disse que não há possibilidade de isso ser feito.

Para o segundo semestre, governo e PMDB já têm pelo menos dois duelos marcados: a votação do projeto que torna obrigatório o pagamento de emendas parlamentares apresentadas ao Orçamento e a derrubada de vetos presidenciais.