A produção industrial teve queda em maio apesar do recorde na produção de carros, esfriando a expectativa de recuperação mais sólida do setor. As informações foram divulgadas nesta terça-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A produção recuou 2% em maio ante abril, após ter subido nos dois meses anteriores. É a maior queda desde fevereiro deste ano.
A queda mensal para o total da indústria, além de eliminar parte importante do avanço de 2,6% acumulados nos meses de março e abril, é a mais elevada desde fevereiro (-2,3%).
Entre as atividades, as principais influências negativas foram assinaladas pelos setores de alimentos (-4,4%), máquinas e equipamentos (-5%) e veículos automotores (-2,9%).
Em comparação com maio de 2012, a produção industrial cresceu 2,4%.
Industria tem feito economia patinar
A fraqueza da indústria tem feito a economia brasileira patinar nos últimos anos. Além da queda na demanda global, as fábricas enfrentaram problemas estruturais como baixa produtividade, altos impostos, gargalos de transporte e um mercado de trabalho bastante apertado.
O pessimismo com o setor começou a diminuir após aumento na produção em março e abril, a primeira alta em dois meses seguidos desde agosto.
Os números de maio dão novo fôlego às preocupações do mercado com a possibilidade de que o Brasil, diante dos maiores protestos de rua em décadas e da alta repentina do dólar ante o real, frustre mais uma vez as projeções e cresça pouco pelo terceiro ano consecutivo.
A queda da produção ocorre apesar do recorde na produção de veículos no mês, de 348,1 mil unidades. De acordo com a associação do setor, a Anfavea, a produção de automóveis deve ter continuado a crescer em junho.
Por ora, a expectativa é de que o Brasil cresça 2,4% em 2013, de acordo com a mediana das projeções na pesquisa Focus do Banco Central. No ano passado, o Brasil cresceu apenas 0,9%.
Balança comercial tem pior semestre em 18 anos
O saldo entre as exportações e as importações do Brasil teve o pior semestre em 18 anos, segundo dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A grande vilã dessa conta foi a importação de petróleo e derivados pela Petrobras.
A chamada balança comercial brasileira acumulou, de janeiro a junho, um saldo negativo de US$ 3 bilhões. É o pior resultado desde 1995, quando o resultado negativo atingiu US$ 4,227 bilhões.
As importações somaram a cifra recorde de US$ 117,516 bilhões entre janeiro e junho passado, 8,4% a mais do que em igual período de 2012, pela média diária. Já as exportações somaram US$ 114,516 bilhões no período, com queda de 0,7% também pela média diária.
Quando se exclui o efeito das exportações e importações de petróleo e derivados, o resultado do primeiro semestre fica positivo em US$ 8,976 bilhões.