O rompimento de uma adutora da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) na estrada do Mendanha, em Campo Grande, na zona oeste do Rio, na manhã desta terça-feira (30), alagou casas, arrancou telhados e arrastou carros. Uma criança de três anos morreu.

A vítima foi identificada pelo Corpo de Bombeiros como Isabela Severo da Silva. Após ser atendida no hospital Rocha Faria, em Campo Grande, Isabela teve parada cardiorrespiratória e não resistiu.

Outras 16 pessoas foram resgatadas com ferimentos, das quais oito foram encaminhadas ao hospital Rocha Faria. Segundo boletim da Secretaria Estadual de Saúde, há duas crianças e cinco adultos. Apenas uma vítima recebeu alta.

As sete pessoas hospitalizadas apresentam quadro clínico estável, informou o órgão estadual. A maioria teve escoriações. Uma criança e um adulto passaram por tomografia e aguardam avaliação cirúrgica.

Técnicos da Defesa Civil que estão no local informaram que houve o desabamento de 17 casas em função da força da água. Outras 16 foram atingidas parcialmente. O acidente deixou 72 pessoas desabrigadas e 70 desalojadas.

Na conta da Cedae

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), afirmou que a Cedae se responsabilizará pela construção das casas que foram destruídas após o rompimento da adutora.

“Viemos aqui para prestar apoio, solidariedade e acolhimento para as famílias atingidas. A Cedae irá ajudar na reconstrução das casas e alojamentos das famílias. Acima de tudo, viemos aqui para prestar nossa solidariedade. Não vamos medir esforços para ajudar essas famílias”, afirmou Cabral, que não quis responder perguntas sobre protestos.

O chefe do Executivo fluminense afirmou ainda que vai solicitar uma perícia externa de forma a complementar o trabalho dos técnicos da Cedae.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), também visitou o local do acidente. “O primo da Isabela era meu assessor. (…) É uma situação muito triste. Vamos tentar dar toda a ajuda possível a essas pessoas”, limitou-se a dizer.

Água jorrando por uma hora e meia

O rompimento da adutora, cujas circunstâncias ainda estão sendo investigadas, fez com que a água ficasse jorrando por aproximadamente uma hora e meia –o vazamento teve início durante a madrugada e só cessou por volta das 7h30.

Bombeiros designados para o trabalho de resgate informaram que a água chegou a dois metros de altura dentro das casas. Quatro carros da corporação e duas ambulâncias foram encaminhados ao local –houve relatos de moradores ilhados nas casas.

Por volta das 5h40, um morador detectou um vazamento e fez o comunicado à Cedae, de acordo com o gerente regional do órgão, Almir Silva. O acidente ocorreu por volta das 6h.

Silva afirmou que não seria prudente fechar toda a estrutura de distribuição de água de uma só vez, pois havia risco de que a pressão da água provoque danos à rede de encanamento. Das 6h25 às 7h, a Cedae paralisou o serviço de forma gradativa a fim de evitar mais estragos, informou o gerente.

Ainda segundo o representante do órgão, outras três adutoras passam pela região da estrada do Mendanha. O rompimento ocorreu na altura do número 4.500 da rodovia, e a estrada do Medanha, que liga o bairro à avenida Brasil, foi interditada no trecho.

De acordo com a Cedae, não haverá desabastecimento de água no local. O fornecimento de energia elétrica foi cortado para evitar acidentes. Na versão do diretor da Cedae, Jorge Briard, a previsão é que a adutora volte a funcionar durante a noite.

“Essa tubulação não tem nenhum histórico de vazamento. Esse foi um acidente pontual e não tem nenhuma relação com a manutenção”, afirmou Briard. “Técnicos estão investigando o que aconteceu. O governo do Estado vai ressarcir integralmente os danos dos moradores, mantê-los abrigados em hotéis e, se for necessário, dar medicação e alimento.”

Em entrevista à Globo News, o especialista em gerenciamento de risco Moacyr Duarte disse que “é preciso se atentar para o deslocamento de terra que é causado pelo alagamento. Evitar consequências mais graves é a maior preocupação do Corpo de Bombeiros no momento, dado o número de moradores ainda ilhados nas casas”. (Com Agência Brasil)