Na quarta-feira, o diretor do Instituto de Infectologia Emílio Ribas em São Paulo, David Uip, foi formalmente convidado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) a assumir a Secretaria da Saúde do Estado. Dias depois, o convite foi desfeito. Alckmin havia desistido de demitir o atual chefe da pasta, Giovanni Guido Cerri.

Núcleo político do governo Alckmin discute perdas após protestos

Certo de que enfrentará o ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), como adversário na eleição de 2014, o tucano ponderou que precisaria de um perfil mais “combativo” para fazer frente às políticas do petista.

Uip, que já havia sido cotado para a vaga na primeira montagem do governo, logo após a eleição de 2010, foi sua primeira opção.

Sondado antes por interlocutores, o infectologista chegou a ir até o Bandeirantes para tratar do assunto na semana passada. Convite feito, faltava acertar a saída de Cerri, que, segundo aliados, já havia dito, inclusive, querer deixar a pasta.

O cenário mudou quando o governador e o secretário se encontraram, no fim da última semana.

Durante a conversa, Cerri disse a Alckmin que trabalharia arduamente na defesa de sua gestão. O governador desistiu da troca, ao menos por enquanto. Procurado pela reportagem, David Uip não quis comentar o assunto.

Apesar do recuo na troca da pasta, as preocupações persistem. Apontada pela mais recente pesquisa Ibope como a área mais mal avaliada do governo federal, a saúde também é tema sensível em São Paulo.

Sempre que questionado sobre o assunto, o governador afirma que o SUS deveria ampliar sua participação no financiamento da área, que as Santas Casas estão estranguladas em dívidas e que governos estaduais e municípios já arcam com a maior parcela de gastos com o sistema público.

Mas o PT prepara uma série de ações para a área, sendo a mais rumorosa delas o programa Mais Médicos, principal investida para dar uma marca à gestão de Padilha no ministério.

Apesar de enfrentar resistências, o programa pretende levar mais profissionais ao interior. Ontem, Uip publicou artigo na Folha em que criticou a iniciativa de importar médicos e fez coro com o discurso de Alckmin. “Se não forem elevados os recursos destinados para a área da saúde, não se fará política pública neste país”, escreveu.