A ONU (Organização das Nações Unidas) confirmou nesta segunda-feira que homens armados dispararam várias vezes contra um veículo que fazia parte do comboio de inspetores de armas químicas na periferia de Damasco.

A equipe tentava chegar ao local onde rebeldes dizem que o regime de Bashar al-Assad teria usado armas químicas na semana passada. O ataque teria ocorrido na semana passada, três dias após a chegada dos inspetores.

Segundo opositores, mais de mil pessoas morreram. Já a organização Médicos Sem Fronteiras afirma que 3.600 pessoas foram atendidas com problemas neurológicos causados por intoxicação em hospitais da periferia da capital síria. Delas, 355 morreram.

Segundo o porta-voz da ONU, Martin Nesirky, o primeiro veículo do comboio de inspetores foi atingido por atiradores ainda não identificados enquanto tentava sair da zona de proteção da capital síria. O carro foi substituído por outro que estava no grupo. Nenhum dos inspetores ficou ferido.

Em mensagem na televisão estatal, o regime sírio culpou os rebeldes pela ação. A oposição síria ainda não se manifestou sobre o incidente. As informações sobre a Síria não podem ser confirmadas de forma independente devido às restrições impostas à entrada de jornalistas.

O uso comprovado de armas químicas foi a condição imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para uma intervenção na Síria. Nos últimos dias, autoridades britânicas e francesas têm defendido a ocupação militar como uma forma de dar fim ao conflito.

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, antecipou sua volta do descanso de um feriado para fazer uma reunião com o Conselho de Segurança Nacional britânico sobre a Síria. Tanto Londres como Paris disseram que poderiam ocupar a Síria sem autorização da ONU.

‘INSENSATAS’

Mais cedo, o ditador sírio chamou de “insensatas” as acusações sobre o ataque químico e criticou os Estados Unidos por defender uma intervenção militar. Para Assad, uma ação ocidental na Síria estaria “condenada ao fracasso”.

“O fracasso espera os Estados Unidos como em todas as guerras anteriores desencadeadas por eles, começando com o Vietnã até os dias de hoje”, disse Assad ao jornal pró-Kremlin “Izvestia”, em uma entrevista que a publicação diz ter sido realizada em Damasco.

Assad disse que as forças do governo sírio estão perto da região nos arredores de Damasco onde as forças rebeldes acusam as tropas do governo de terem disparado bombas com gás venenoso na semana passada, e que não há nenhum front de batalha claro no local.

“Será que qualquer Estado usaria armas químicas ou quaisquer outras de destruição em massa em um lugar onde suas forças estão concentradas? Isso iria contra a lógica elementar”, disse Assad ao “Izvestia”.

“Então, acusações deste tipo são inteiramente políticas, e a razão para elas é uma série de vitórias das forças do governo sobre os terroristas”, disse Assad, referindo-se aos rebeldes que lutam numa guerra civil de dois anos contra as forças do governo.