A crise nuclear japonesa chegou ao pior estágio desde o tsunami que danificou a usina de Fukushima, em março de 2011, e autoridades disseram nesta quarta-feira temer que haja vazamento de água contaminada em mais tanques de armazenamento.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU) disse ver “com seriedade” a situação em Fukushima, e se mostrou disposta a ajudar se for chamada.
A China se disse em “choque” por saber que a água radiativa continua vazando da usina, e pediu ao Japão que forneça informações “de maneira expedita, minuciosa e acurada”.
“Esperamos que o lado japonês possa dar seriamente passos efetivos para colocar um fim ao impacto negativo dos efeitos posteriores do acidente nuclear de Fukushima”, disse a chancelaria chinesa em nota enviada por fax à Reuters em Pequim.
O chefe de gabinete do governo japonês, Yoshihide Suga, qualificou a situação como “deplorável”, e a Autoridade de Regulação Nuclear afirmou temer que o desastre –o pior acidente nuclear desde a explosão de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986– esteja “sob alguns aspectos” além da capacidade de reação da Tepco, empresa operadora da usina.
A Tepco, como é conhecida a Tokyo Electric Power Co, é criticada por não ter se preparado adequadamente contra o desastre, e é acusada de ter tentado acobertar a dimensão dos problemas na usina. Após meses de negativas, a Tepco recentemente admitiu que o mar está recebendo água contaminada que vaza das valas cavadas entre os edifícios dos reatores e a praia.
Na terça-feira, a empresa relatou que um dos tanques está deixando vazar água com alto teor de radiação, no mais grave problema em uma série de incidentes recentes, que inclui apagões, contaminação de trabalhadores e outros vazamentos.
A agência nuclear japonesa disse estar preocupada com vazamentos de outros tanques semelhantes, construídos às pressas para receber a água usada no resfriamento dos reatores danificados.
Shunichi Tanaka, presidente da agência nuclear japonesa, comparou a situação da usina a um trem-fantasma.
“É como uma casa mal assombrada, os infortúnios continuam acontecendo um depois do outro”, afirmou ele a jornalistas. “Precisamos ver como podemos reduzir os riscos e como evitar que esse se torne um incidente fatal ou sério.”
(Reportagem adicional de Kentaro Hamada, Olivier Fabre e Chris Meyers, em Tóquio; Ben Blanchard, em Pequim; Kim Miyoung, em Seul; Fredrik Dahl, em Viena; e Kate Kelland, em Londres)