O ex-presidente do Egito Hosni Mubarak, que renunciou ao cargo em 2011, deixará a prisão nos próximos dias, segundo seus advogados. A notícia vem no momento em que o Egito vive uma crise com centenas de mortos em protestos contra o golpe de Estado de 3 de julho, que depôs o presidente eleito Mohamed Mursi e colocou os militares no poder.
“O que ainda falta é um procedimento administrativo que não deve levar mais de 48 horas. Ele deve ser solto até o fim da semana”, afirmou Fareed el-Deeb ao jornal britânico “The Guardian”. Segundo o responsável pela defesa de Mubarak, as autoridades mandaram soltá-lo após absolvê-lo de uma acusação de corrupção.
A agência de notícias “Reuters” ouviu uma fonte judicial que não confirma se o ex-presidente será solto nesta semana, mas diz que as autoridades devem decidir em duas semanas sobre seu caso.
Soltura e turbulência
Mubarak, 85, ficou preso no aguardo de julgamento por mais de dois anos, o que contraria a lei do país. Se confirmada, sua soltura se dará em um momento delicado para o Egito, que vive uma onda de violência desde a última semana.
Desde a quarta-feira (14), pelo menos 888 pessoas foram mortas durante confrontos das Forças Armadas egípcias com manifestantes que pedem a volta do presidente Mohamed Mursi, tirado do poder em 3 de julho.
O Exército e a Irmandade Muçulmana, grupo político de Mursi, acusam um ao outro pelas mortes. Desde a última semana, a junta militar que governa o país impôs um toque de recolher nacional, que deve vigorar durante um mês.
Os confrontos, no entanto, continuam. No mais recente, pelo menos 25 policiais egípcios morreram e dois ficaram feridos em um ataque com foguetes contra dois micro-ônibus no Sinai, nesta segunda-feira (19).
Após o ataque, o governo egípcio fechou a passagem de Rafah com a Faixa de Gaza. O ministério do Interior atribuiu a ação a “terroristas”.
O ataque contra as forças de segurança é o mais violento na região em décadas.
A matança do Exército foi alvo de críticas da comunidade internacional e levou a uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, que pediu o fim da violência no país. Os EUA cancelaram um exercício militar conjunto entre os dois países, que aconteceria em setembro. A Alemanha cancelou parte de um pacote milionário que enviaria ao Egito, e a União Europeia diz que pretende rever relações com o Cairo.