Noticiada neste domingo (11) pelo Financial Times, a informação de que o Brasil dará início a negociações comerciais com a UE (União Europeia) repercutiu na mídia internacional. Como informou o jornal londrino, citando o chanceler Antônio Patriota, os entendimentos brasileiros com a UE ocorrerão simultaneamente à proposta global que o Brasil apresentará aos europeus em nome do Mercosul no final deste mês.

A iniciativa tem uma razão precisa. Ao subir em 2014 para a categoria dos países com “renda média superior”, o Brasil perde certas franquias comerciais junto aos países da UE. Sabe-se que a UE reserva sua ajuda ao desenvolvimento e suas tarifas preferenciais aos “países de renda média inferior” e aos “países menos avançados”, deixando progressivamente de lado os países como o Brasil, que já detém renda média superior, segundo os critérios classificatórios do Banco Mundial.

No diário parisiense Le Monde, um editorialista da agência Reuters dá outras precisões sobre as negociações. Citando um estudo do IRIS, um centro de pesquisas francês, o artigo mostra que as relações comerciais entre o Brasil e a UE estão entravadas por causa da paralisia dos acordos entre o Mercosul e a Europa. A crise econômica e social que atinge atualmente a Espanha e Portugal, intermediários privilegiados dos acordos entre os blocos, também contribui para imobilizar as negociações.

Resta saber qual será a reação dos outros países do Mercosul diante do movimento unilateral do Brasil. Segundo o jornal de Montevideo “El Observador”, o Uruguai se associa plenamente à iniciativa brasileira junto a UE.

Mais ainda, o jornal informa que a presidente Dilma e o presidente Mujica já estão conversando há algum tempo sobre uma política comum para iniciar acordos paralelos não só com a UE, mas também com os Estados Unidos e os países do Pacífico, sobretudo com os países asiáticos.

Mencionando fontes do governo uruguaio, o El Observador afirma também que a ideia de avançar em “velocidades diferentes” aos dos outros membros do Mercosul, visa também a contornar a política mais protecionista do governo de Cristina Kirchner. Seria esta a única maneira de desbloquear as negociações comerciais sem romper os laços unindo os países do Mercosul.