O Mundial de judô do Rio, que começa nesta segunda-feira, pode representar uma guinada histórica na seleção brasileira.

Pela primeira vez, as mulheres chegam ao torneio como carro-chefe da delegação.

O status não poderia ser mais legítimo. O Brasil manda aos tatames do torneio uma campeã olímpica e três líderes de ranking mundial. Isso num grupo com média de idade inferior a 24 anos.

A piauiense Sarah Menezes, 23, é quem puxa a fila de sucessos. Número um do planeta no peso ligeiro (até 48 kg), ela se tornou a primeira judoca brasileira a ganhar um ouro olímpico –nos Jogos de Londres, no ano passado.

Também tem dois bronzes em Mundiais no currículo.

Cabe a ela abrir a participação brasileira no Rio nesta segunda-feira, a partir das 10h, no Maracanãzinho. Ela estreia contra a cazaque Aigul Baikuleva.

No masculino, Felipe Kitadai, bronze em Londres, é o único a entrar no tatame.

As finais ocorrem às 16h.

Sarah lutará por outro feito inédito. Nunca uma mulher do país subiu ao topo do pódio em um Mundial –os homens já têm quatro ouros.

Se falhar, outras duas líderes de ranking, Mayra Aguiar (até 78 kg) e Maria Suelen Altheman (acima de 78 kg), podem quebrar o tabu.

Historicamente, o judô feminino foi o “sexo frágil” em relação ao masculino.

Dos 19 pódios olímpicos do Brasil, só três foram com “elas”. E, de 28 medalhas em Mundiais, 20 são “deles”.

A balança virou no último Mundial. Em Paris-2011, foram três láureas femininas e apenas duas masculinas.

O começo da reviravolta ocorreu em 2006. Insatisfeita com os resultados, a CBJ (Confederação Brasileira de Judô) vetou a ida da seleção feminina a treinos na Ásia.

“Elas queriam comer meu fígado”, afirmou o coordenador da seleção, Ney Wilson.

Foi traçado um novo planejamento, que privilegiava a categoria de base.

“Quando mandamos a Sarah, com 18 anos, e a Mayra, com 17, para a Olimpíada de Pequim, nos criticaram. Era uma aposta”, disse Wilson.

Naqueles Jogos, Ketleyn Quadros ganhou a primeira medalha olímpica feminina.

Anualmente, a CBJ gasta R$ 6 milhões com seleções.

É uma realidade muito distinta do que viveu Danielle Zangrando, primeira medalhista do país em Mundiais –bronze em Tóquio-1995.

“Fui ao Mundial sem nunca ter ido a uma grande competição internacional. Pagávamos passagem do bolso”, disse ela, hoje aposentada.

NA TV
Mundial de judô do Rio
10h e 16h SporTV