Muricy Ramalho está de volta ao São Paulo. Contratado para substituir o demitido Paulo Autuori, o técnico assinou contrato até o fim do ano e mostrou seu conhecido estilo ao falar da necessidade imediata de conseguir resultados. O treinador mostrou-se confiante em salvar o clube do rebaixamento, negou ter medo de uma possível queda para a Série B e se disse empolgado pelo desafio de retornar à equipe pela qual fez história.

“A gente não pode ter medo, tem que trabalhar. O Felipão também veio. Ganhou a Copa do Brasil, fez coisas boas. A gente é profissional, achei que poderia contribuir e por isso que aceitei. É um desafio, desafio que gosto e com certeza faz parte da nossa vida”, disse Muricy.

“Estamos numa fase que não dá só [ter] discurso, só palestra. Tem que conseguir a vitória, e eu vou procurar isso. Nós temos que resolver o problema do São Paulo agora. Muita conversa, muita reunião não funciona. Jogador gosta de ser cobrado. E tem que ser cobrado, é profissional. Temos que ganhar. Todo mundo vai ter que abrir mão de alguma coisa e eu vou ter que ser o cara que cobra”, completou.

Desde sua saída do Santos, em maio, Muricy manifestou em diversos momentos seu carinho pelo São Paulo e nunca escondeu seu interesse em retornar ao time do Morumbi. Apesar do momento complicado que a equipe se encontra o Brasileirão, o treinador se mostrou satisfeito em voltar ao clube.

“É difícil falar ‘não’ em uma situação dessa. Um clube que me abriu as portas, que me criou. Em todo lugar que eu vou a torcida do São Paulo é um pedido só. “Você tem que voltar”. É um momento difícil, mas acho que a gente vai sair dessa”, afirmou Muricy. “Em todo lugar que eu vou é essa loucura, são-paulino me pede para voltar. Meus filhos são são-paulinos, foram à final da Sul-Americana, voltaram cheios de marra”.

O treinador deve reestrear no São Paulo já na próxima quinta-feira, na partida contra a Ponte Preta, no Morumbi. Muricy diz acreditar que seu reencontro com o torcedor do clube será especial e pretende levar uma ‘torcida pessoal’ ao estádio.

“Vai ser uma emoção monstra. Vai estar minha sogra, que vai voltar aos estádios, vão estar meus filhos. A torcida está apoiando. Pelo momento que está passando, não está chiando muito. São 30 mil, 40 mil [pessoas], e o time nessa situação. Precisamos de apoio, mas temos de fazer nossa parte. Acho que, com a minha chegada, vou trazer bastante gente [ao estádio]”, opinou o técnico.

Com duração até o fim do ano, o contrato de Muricy Ramalho com o São Paulo não prevê o pagamento de multa rescisória em caso de saída do treinador. O técnico afirmou não ter colocado empecilhos para o acerto, que teria ocorrido rapidamente entre as partes.

“Esse deve ter durado 30 segundos. Não briguei por salário, não briguei por nada. Tem que se sacrificar”, disse Muricy, que se mostrou recuperado dos problemas físicos que o atrapalharam no Santos. “Minha saúde está bem, está legal. Fiquei esse tempo todo sem fazer nada, tomando cerveja e sem estresse”.

Muricy foi apresentado pelo vice-presidente de futebol João Paulo de Jesus Lopes, que celebrou o retorno do “bom filho”. O dirigente, porém, fez questão de elogiar o demitido Paulo Autuori, que acabou sacado da equipe após sequência de resultados ruins que deixaram o time na zona do rebaixamento.

“Quero fazer um elogio público ao Paulo Autuori. Ficou pouco tempo conosco, mas foi uma passagem mais uma vez marcante. Enfrentou muitas dificuldades, mas entendemos que o saldo foi muito positivo. Recuperou a forma física e a autoestima dos nossos jogadores. Mas no futebol, que é emoção e paixão, vivemos uma situação inédita”, disse Lopes.

“As luzes do nosso painel piscavam em amarelo e entendemos que era preciso uma mudança radical para que pudéssemos recuperar a trilha do sucesso. Em função disso, entendemos que o nome mais ajustado para isso é o Muricy. Tenho certeza que você estará menos ranzinza do que antes, mais sorridente. E espero que possamos manter esse sorriso para sempre”, completou o dirigente.