As irregularidades nas calçadas de São Paulo estão ganhando reforço com a instalação dos novos relógios de rua espalhados por toda a cidade. Em vários trechos, o consórcio responsável pelos equipamentos tem deixado buracos abertos no passeio.
A reportagem flagrou a situação em locais como Radial Leste, Amaral Gurgel, Consolação, Braz Leme e Rebouças.
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Em nenhum desses casos havia qualquer tipo de sinalização que indicasse o defeito.
Remendos realizados fora dos padrões da calçada original, o que pode causar quedas e desequilíbrio em pedestres, foram encontrados na Nove de Julho e na Consolação.
As calçadas da rua Amaral Gurgel, no centro, foram reformadas no ano passado pelo poder público. Até a tarde de ontem, haviam sido instaladas duas estruturas para receber os relógios e, nos dois pontos, estavam abertos buracos, mas sem alertas.
No começo do mês passado, Pedro Paulo Diamantino Serra Semedo, 15, que tem paralisia cerebral, caiu de sua cadeira de rodas após entrar em uma vala deixada no passeio com a instalação de um relógio, na avenida Braz Leme, na zona norte.
Eduardo Anizelli/Folhapress | ||
Pedestres passam por buraco deixado por relógio na avenida Brás Leme, na zona norte de SP |
“Ele machucou o rosto, a mão e quebrou um dente. Agora já está melhor, mas o buraco continua no mesmo lugar”, diz Diamantino Semedo, pai do adolescente.
A família registrou boletim de ocorrência e encaminhou denúncia ao vereador Andrea Matarazzo (PSDB), que pediu explicações para a prefeitura e para a JCDecaux, que lidera o consórcio.
Segundo a assessoria do vereador, ninguém havia respondido até ontem à tarde.
“Ainda estamos estudando como pedir uma indenização. A própria delegada que registrou a ocorrência achou um absurdo”, afirma o pai.
O consórcio A Hora de São Paulo informou que vai arrumar os buracos nas calçadas e que entrou em contato com a família de Pedro.
Por contrato, a empresa tem o direito de instalar mil equipamentos, que informam hora, temperatura e qualidade do ar em toda a cidade. Em troca, ela pode fazer exploração publicitária nos relógios.
FISCALIZAÇÃO
A responsabilidade pela fiscalização do serviço de reparo nos passeios e pela funcionalidade dos equipamentos é da SPObras, órgão da prefeitura, que escolheu os consórcios que vão explorar o mobiliário urbano por 25 anos.
Em São Paulo, é o proprietário do imóvel quem deve zelar pelas calçadas. Ele está sujeito a pagar até R$ 300 a cada metro de passeio irregular apontado por fiscais.