O prefeito de Taquarituba (a 327 km de São Paulo), Miderson Janello Milléo (PSDB), disse nesta terça-feira (24) que a cidade deve levar “no mínimo quatro anos” para recuperar a vida econômica após o tornado no último domingo (22), que deixou dois mortos.

Em entrevista ao UOL, o tucano, reeleito e no exercício de seu quarto mandato, afirmou que os maiores danos ao município, que teve decretado estado de calamidade pública, foram registrados no parque industrial no qual estavam instadas 37 empresas –todas completamente destruídas. A maioria delas era ligada à agroindústria.

“Os cilos e armazéns foram ao chão, todos, com maquinário e mercadoria armazenada. Ainda não quantificamos a perda, mas alguns tinham R$ 20 milhões apenas de produto estocado”, disse o prefeito.

Segundo o chefe do Executivo municipal, a recuperação “parcial” que ele atribuiu ao parque industrial o longo dos próximos anos se deve ao fato de que parte das empresas já enfrentava dificuldades no mercado.

“Algumas pessoas não terão condições de refazer o que perderam porque já vinham de uma situação difícil. É o caso do pessoal ligado à costura, por exemplo, que passava por uma crise e perdeu máquinas digitais de R$ 20 mil”, exemplificou.

Se a reconstrução do parque industrial levará anos –“não será no meu mandato, nem no mínimo pelos próximos quatro anos”, estimou o prefeito –, o restabelecimento de serviços públicos e de casas danificadas “deverá levar meses”.

Casas e prédios públicos destruídos

Conforme a prefeitura, ao menos 400 residências foram afetadas –a estimativa inicial era de 150– e cinco, condenadas pela Defesa Civil, terão de ser demolidas no Jardim Carmélia, o mais afetado pelo tornado. Ao todo, dez pessoas estão desabrigadas (sem lugar para dormir), e 511 estão está desalojadas (em casa de parentes ou amigos).

Entre os prédios públicos mais danificados, estão a rodoviária e o parque esportivo Rico Rodrigues, completamente destruídos, além de um barracão de agronegócios, que ficou completamente destelhado e teve danos na estrutura, e o fórum a escola estadual José Pena, também parcialmente afetados.

O prefeito estima que, para os cinco, serão necessários pelo menos R$ 1,2 milhão para os reparos.

Com o decreto de calamidade pública, o município fica apto a adquirir produtos e mão de obra emergencial sem necessidade de licitação pública. Sobre isso, o prefeito informou que a prioridade serão materiais de construção como telhas e cimento, além de mobiliário de prédios públicos afetados e colchões.

600 residências ainda estão sem energia

Até o início da tarde, 600 residências seguiam sem energia elétrica na cidade, das 2.200 que chegaram a ter corte de fornecimento no domingo. A previsão do município é que a situação seja toda normalizada ainda hoje, até o final do dia.

De acordo com o Censo 2010, do IBGE, Taquarituba tem pouco menos de 23 mil habitantes. Em seus 127 anos de emancipação, foi a primeira vez que foi alvo vítima de um fenômeno climático do porte de um tornado.

O prefeito, de 57 anos, fez aniversário na véspera da tragédia. “Foi um sentimento de impotência lidar com uma coisa tão grande, tão devastadora, logo que vi o rastro deixado pelo tornado. Mas, ao mesmo tempo, isso envolveu toda a comunidade em uma cadeia de solidariedade –não só aqui, mas em toda a região”, definiu.