Faltando pouco menos de três meses para a revanche mais importante de sua carreira, Anderson Silva finalmente começou de forma intensiva sua preparação para enfrentar Chris Weidman em 28 de dezembro, quando tentará retomar o cinturão dos médios do UFC. Ele faz questão de dizer que nunca parou de treinar, mas apenas nesta semana, depois de fazer um tour de imprensa de oito dias, ele poderá se concentrar 100% em sua próxima luta.
Antes de se internar nas academias X-Gym e Team Nogueira, no Rio de Janeiro, e Muay Thai College, em Los Angeles, o ex-campeão do Ultimate conversou com o UOL Esporte sobre sua rotina, o desgaste desses compromissos e sua responsabilidade como um dos principais ídolos do esporte brasileiro nos últimos anos, além da pressão pela derrota de julho passado.
Tranquilo em relação ao que terá de fazer contra o norte-americano no final do ano, o Spider refutou o cansaço relatado pelo próprio após perder para Weidman. Para ele, faz parte do trabalho e isso não se traduzirá em pensamento de aposentadoria. “Eu adoro meu trabalho, em todos os sentidos, o trabalho de mídia, treinar para lutar, falar com os fãs, tirar foto, só que tem alguns momentos que você precisa ter sua privacidade, ter um tempo para mim.”
Ele só perde um pouco a paciência quando fala das críticas que ouviu com o nocaute sofrido no UFC 162 e avisa: pode acontecer de novo. “É possível eu perder de novo, porque não? Nenhum atleta de alto nível treina para perder ou gosta de perder. Eu não gosto de perder nem em jogo de botão, mas existe essa possibilidade, são muitas as variáveis quando você entra ali dentro. As pessoas falam, mas algumas não entendem do que estão falando.”
Nessa conversa, Anderson Silva ainda falou que nunca se viu como vilão, apesar das críticas que recebeu por seu estilo provocador na luta contra Weidman, se comparou com o lendário boxeador Muhammad Ali e relatou como foi ficar tanto tempo ao lado de seu adversário. Confira os melhores momentos da entrevista abaixo, ou nos vídeos acima.
Aura de super-herói e superexposição na mídia
Tudo isso foi natural, normal. Acho que quando você busca resultados positivos e trabalha para isso, você alcança. Tudo que está acontecendo de bom na minha vida eu busquei. Eu trabalhei bastante para conseguir. Aparecer muito não me pressionou e nem mudou minha vida, porque são coisas diferentes e distantes, meu treinamento, as lutas, e o que acontece no meu trabalho fora da luta. Não tem muito a ver. Acho que são coisas completamente distintas.
Papel de vilão e estilo provocador
Eu não me vejo como vilão de nada. Eu faço o que eu tenho que fazer. Eu sou treinado para ir lá e fazer meu trabalho, independentemente do resultado. Eu nunca vi o Muhammad Ali com vilão, eu sempre o vi como herói. E eu me inspiro nele. Sempre que eu estou lutando ali. Eu tento pegar um pouquinho daquelas coisas que ele fazia para incorporar no meu jogo. É normal, cada um fala o que quer, são opiniões diferentes e temos de respeitar.
Chance de nova derrota
Isso é possível pode acontecer, é possível eu perder de novo, porque não? Nenhum atleta de alto nível treina para perder ou gosta de perder. Eu não gosto de perder nem em jogo de botão, mas existe essa possibilidade, são muitas as variáveis quando você entra ali dentro. As pessoas falam, mas algumas não entendem do que estão falando. Por exemplo, todo mundo entende de futebol, todo mundo é técnico de futebol.
O que cansa na rotina de lutador
Na verdade você precisa descansar, todo mundo precisa descansar. Nada disso me cansa, eu gosto de fazer o que eu faço, mas eu preciso de um descanso, senão as placas começam a colar. Assim como qualquer outra pessoa, como qualquer ser humano, eu também preciso de descanso. Eu adoro meu trabalho, em todos os sentidos, o trabalho de mídia, treinar para lutar, falar com os fãs, tirar foto, só que tem alguns momentos que você precisa ter minha privacidade, ter um tempo para mim. Desde a última luta eu estou viajando, ainda não parei, estou viajando até agora.
Como foi fazer esse tour e ficar tanto tempo ao lado do Weidman
É desgastante. Porque como eu falei, desde minha última luta ainda não parei de viajar, indiretamente fazendo mídia para o UFC também. Mas é normal, é uma coisa que a gente tem de fazer, mas ainda bem que está acabando para eu começar a treinar. Eu e o Weidman temos uma boa relação, é um grande profissional, respeito muito ele e ele me respeita.
Sinceridade dá audiência
Eu acho que dá audiência porque eu sou eu mesmo, não fico fazendo cena para ninguém. Falo o que tenho que falar e sou eu, eu, Anderson, pessoa, ser humano, eu não fico inventando coisa que não precisa, falo o que eu tenho que falar. Se as pessoas gostarem, gostaram, se não gostarem, não posso fazer nada. Eu sou eu mesmo.