Alexandre Pato, 24, e Rogério Ceni, 40, nasceram em Pato Branco, no Paraná, e tiveram os destinos cruzados em diversos momentos durante a atual temporada. Em campo, enfrentaram-se quatro vezes entre Corinthians e São Paulo. No primeiro encontro, pelo Paulistão, Pato virou herói e Ceni virou vilão. Nesta quarta, a história se inverte: enquanto o corintiano recebe críticas cada vez mais intensas da torcida, o goleiro acumula pedidos para desistir da aposentadoria após recuperação e grandes exibições.
O primeiro encontro em questão aconteceu no dia 31 de março, ainda pela fase de grupos do Paulistão, no Morumbi. O São Paulo de Ney Franco saiu derrotado por 2 a 1 em jogo que Pato entrou no segundo tempo e sofreu pênalti após chocar-se com o goleiro são-paulino, que o chutou em uma dividida. Na cobrança, Pato bateu com categoria e anotou o gol da vitória corintiana.
Depois, em novo encontro, nas semifinais do Estadual, a disputa da vaga para a decisão foi para os pênaltis. Coube a Pato a cobrança decisiva. Ele bateu, e Rogério defendeu ao se adiantar exageradamente. O árbitro mandou o lance voltar. Depois, o atacante corintiano bateu com categoria e converteu.
Desde então, o Corinthians passou a crescer e o São Paulo a se afundar. O clube de Pato foi campeão do estadual antes de ser eliminado na Copa Libertadores, na qual defendia o título. O São Paulo viveu a maior crise de sua história. Também caiu na Libertadores, foi derrotado pelo próprio Corinthians na Recopa e passou dois meses na zona de rebaixamento do Brasileirão. Neste período, demitiu Ney Franco e Paulo Autuori, antes de optar pelo retorno de Muricy Ramalho.
Rogério Ceni leva até hoje marcas do pênalti que cometeu em Alexandre Pato. O pé direito não sofreu fratura, mas segue o limitando até hoje. Em entrevista ao UOL Esportenessa semana, o pai do goleiro, Eurydes Ceni, afirmou que aquela lesão o atrapalha. Neste ano, o goleiro perdeu quatro cobranças de pênaltis consecutivas e recebeu críticas até do ex-diretor de futebol Adalberto Baptista.
Sete meses e três encontros em campo depois, a situação mudou. O São Paulo não só se recuperou da crise no Brasileirão como Rogério Ceni vive grande momento debaixo das traves. Nas últimas rodadas, o clube do Morumbi até ultrapassou o Corinthians no Brasileirão, e agora tem a possibilidade de renovar o título da Copa Sul-Americana. Nesta quarta-feira, Rogério Ceni teve uma das maiores atuações de toda sua carreira – em 23 anos de São Paulo – e garantiu a classificação às quartas de final do torneio após vitória sobre a Universidad Católica, no Chile. O capitão recebe de Muricy Ramalho, da diretoria e do próprio pai os pedidos para que desista da aposentadoria, no fim do ano.
Este mesmo período de tempo serviu para Pato alimentar a desconfiança. Contratado por R$ 40 milhões em negociação com o Milan (ITA) no início do ano, a promessa do futebol brasileiro desde 2006 não mostra o futebol que se espera até agora. Em meio às derrotas no Brasileirão que causaram instabilidade até ao técnico Tite, campeão mundial pelo clube em 2012, Pato foi alvo de protestos.
Nesta quarta-feira, enquanto Ceni fez uma das maiores atuações de sua carreira, Pato foi o protagonista do Corinthians. Mas como vilão. Tentou cavadinha ao bater o pênalti decisivo na disputa contra o Grêmio, após empate no tempo normal. A bola, fraca, foi defendida pelo goleiro Dida.
Em março, data do primeiro encontro – que causou a lesão em Ceni – Pato era a aposta de um Corinthians campeão mundial, e Ceni era a incerteza de um goleiro que, aos 40 anos, cometera pênalti e perdera clássico contra o arquirrival no Morumbi. Agora, e pelo menos até o fim deste ano, a situação se inverte.