A presidente Dilma Rousseff (PT) estará em Salvador, nesta terça-feira (15), para participar da cerimônia de assinatura do contrato para conclusão da linha 1 e início da construção da linha 2 do metrô da capital baiana. A obra começou há 13 anos, consumiu R$ 1 bilhão, mas o metrô nunca entrou em operação.

Desde que foi anunciada, de 2000 até aqui, três presidentes  –Fernando Henrique Cardoso (PSDB) (1995-2002), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) (2003-2010) e Dilma– estiveram em Salvador para participar de eventos ligados à obra.

Ao longo desses 13 anos, quatro governadores eleitos também estiveram em eventos do metrô que continua parado: César Borges (DEM), de 1999 a 2002; Otto Alencar (PL), de 2002 a 2003; Paulo Souto (DEM), de 2003 a 2007; e Jaques Wagner (PT), de 2007 até agora.

Já pela gestão municipal passaram  três prefeitos. Antônio Imbassahy  (PFL na época, PMDB depois), idealizador do projeto, de 1997 a 2005; João Henrique Carneiro (PDT), de 2005 até 2013; e ACM Neto (DEM), desde janeiro de 2013. Os partidos são referentes aos que os políticos estavam quando passaram pelos cargos.

Aposta

A obra é tida como uma das apostas do governo federal para alavancar a aceitação dos baianos nas eleições de 2014. As obras estão paralisadas desde março de 2012, quando foi concluída a construção da central de energia que vai alimentar o sistema. A obra já alcançou três gestões municipais sem que fosse concluída.

O TCU (Tribunal de Contas da União) apura ainda denúncias de superfaturamento e desvio de recursos.

No último dia 10 de outubro foi autorizada uma auditoria nas obras, que terá a duração de dois meses. A equipe do Metrô de Madri, empresa escolhida para realizar a inspeção, vai avaliar as instalações e os trens para sugerir ajustes nos 6 km construídos até agora.

O grupo espanhol vai atuar junto aos técnicos da CTS (Companhia de Transporte do Salvador), empresa estatal criada para operar o modal, e da CPC, concessionária que venceu a licitação do sistema.

A obra agora adotará o modelo de PPP (Parceria Público-Privada) e com investimento de R$ 3,6 bilhões, as intervenções envolvem os dois primeiros trechos a serem entregues em 2014: da Lapa ao Retiro (6,6 km), em junho; e da Lapa até Pirajá (5,6 km), em dezembro. Desde que começou, só o poder público era quem era responsável pelo projeto.

Previsto no cronograma de mobilidade urbana da Copa do Mundo de 2014, apenas o trecho Lapa-Retiro deve começar a funcionar antes do mundial.

O metrô será dividido pela linha 1, chegando até Águas Claras-Cajazeiras, e linha 2, que terá o maior trecho (24,2 km e 13 estações), ligando a Estação Bonocô até o aeroporto, em Lauro do Freitas, passando pela Avenida Paralela, uma das principais da capital.

O contrato será assinado com a CPC (Companhia de Participações em Concessões), controlada pela Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), empresa responsável pela implantação e operação do equipamento. A previsão era de que o início das obras ocorresse em outubro, mas o prazo foi adiado para novembro.

A CPC foi a única a fazer uma oferta, de 127,6 milhões de reais, para participar da licitação. A empresa deverá operar todo o sistema por um período de 30 anos e investirá cerca de R$ 1,4 bilhão, montante a ser obtido por meio de financiamentos.

Elefante branco

Com 6 km de extensão, o menor metrô do Brasil custou até agora mais do que o dobro do orçamento e já levou quatro vezes o tempo previsto para o fim das obras.

Os trens foram comprados em 2008. São seis composições e 24 vagões que custaram cerca de R$ 100 milhões. Se entrassem hoje em operação, os custos com revisão dos equipamentos teriam de ser bancados pelo gestor do sistema, pois a garantia do fabricante, uma indústria coreana, está vencida.

As quatro estações, duas subterrâneas e duas elevadas na superfície, também estão em processo de deteriorização.

Após o início das construções, engenheiros descobriram que o metrô passaria por cima do canal da rede de esgoto. O ajuste aumentou o custo da obra em 20%.