Uma loja da Tok&Stok na marginal Pinheiros foi invadida ontem à noite por dezenas de manifestantes e teve sua entrada tomada pela nuvem de gás lacrimogêneo lançado pela Polícia Militar.

Clientes se desesperaram para fugir da “zona de conflito”. “Foi horrível, ficamos muito assustados com todo mundo correndo, um cheiro de gás invadindo a loja”, afirmou Justina Piazzi Silva, 59, professora de Juiz de Fora que fazia compras na loja e estava na frente da porta quando a confusão começou.

Na Cinelândia, policiais usam armas letais durante protesto
Protestos terminam com confronto e atos de vandalismo no Rio e SP

Por volta das 19h30, quando as primeiras bombas da PM começaram a ser jogadas, estudantes –alguns deles mascarados– entraram pelo estacionamento da loja.

Minutos antes, seguranças tentaram bloquear uma das entradas –cujo portão não conseguiram trancar.

Um grupo de manifestantes conseguiu invadir, pulou as grades, atravessou pelo estacionamento, passou pela porta de vidro e entrou pelos corredores. Desesperados diante da invasão, funcionários gritavam: “fechem as portas, eles vão quebrar tudo”.

A reportagem estava no local na hora do tumulto.

Logo na entrada, uma mesa com enfeites de Natal feitos em vidro foi atropelada pelo grupo e vários objetos dela acabaram quebrados. Parte dos jovens tentava evitar danos. “Não quebrem, não saqueiem. As pessoas estão trabalhando”, disse um deles.

Alguns também subiram no balcão da lanchonete.

ALARME DE INCÊNDIO

Do lado de fora, a polícia atirava bombas de gás em direção aos manifestantes, inclusive dentro do estacionamento da Tok&Stok, onde a Folha identificou dez restos de cápsulas de gás.

O alarme de incêndio disparou quando uma nuvem de gás invadiu a loja. Funcionários e clientes também tossiam, desesperados. Ao menos três jovens foram socorridas por amigos, após passarem mal diante do cheiro.

Em um pequeno banheiro, um grupo disputava a pia, para lavar os olhos que ardiam.

A polícia formou, então, um cordão de isolamento na porta de entrada da loja. E funcionários tentavam orientar os manifestantes até uma porta que dava em uma rua paralela. “Vamos, gente, depois os policiais vão entrar e vai ser pior”, dizia um segurança.

Os policiais entraram em seguida, atrás dos manifestantes. Detiveram 44 pessoas.

Um policial, que se identificou apenas como 2º tenente De Melo, chegou a afirmar que os manifestantes haviam quebrado a loja. A reportagem só viu os objetos quebrados na mesa de enfeites de Natal.

Folha não localizou os responsáveis pela loja. Funcionários no local disseram que não houve grande prejuízo.