O jornalista e escritor Paulo César de Araújo afirmou que não há biografia sem vida pessoal e que, no caso da biografia “Roberto Carlos em Detalhes”, de sua autoria, houve “zero invasão de privacidade” à vida do músico. O livro foi publicado no final de 2006 e probido pelo cantor no começo de 2007.
As afirmações foram feitas na noite desta segunda-feira (28) no programa “Roda Viva”, da TV Cultura, em que o autor foi sabatinado por jornalistas.
“Não existe biografia sem vida pessoal. Em relação ao Roberto Carlos, houve zero invasão de privacidade. Todos os fatos relatados já eram fatos públicos, muitos dos quais relatados por ele em músicas e em entrevistas”, afirmou.
César de Araújo disse ainda que continua a atualizar dados da vida de Roberto Carlos em seus arquivos, nos quais já constam registros da história do grupo Procure Saber.
Fundado por Roberto Carlos, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Djavan, Milton Nascimento e Erasmo Carlos, o Procure Saber se declarou, no começo de outubro, contrário às biografias não autorizadas.
Em entrevista ao “Fantástico” exibida na noite de domingo (27), Roberto Carlos afirmou ser favorável a biografias não autorizadas, desde que haja “certos ajustes”. O cantor não definiu quais modificações espera e afirmou apenas que era necessário “conversar” e “discutir”.
O “Fantástico” perguntou se hoje o músico liberaria o livro escrito por César de Araújo. “Isso tem que ser discutido”, respondeu o cantor.
Para César de Araújo, Roberto Carlos não mudou de posicionamento. “Me parece que ele continua contra biografias não autorizadas”.
Questionado sobre o que teria escrito que pudesse haver levado Roberto Carlos a se incomodar com seu livro, César de Araújo afirmou que o músico quer “controlar tudo em torno de si” e que se preocupou porque estavam ganhando dinheiro em seu nome.
No “Fantástico”, Roberto Carlos havia negado que seu posicionamento estivesse relacionado ao acidente que lhe fez perder parte da perna direita, história contada na biografia escrita por César de Araújo.
“Fui tomado por ele como abusado”, afirmou o autor. “Não foi por causa da perna. Se não fosse a perna, seria o braço.”
A legislação vigente no Brasil exige a autorização prévia do biografado ou seus herdeiros para a publicação de biografias. No programa, César de Araújo se disse otimista em relação ao projeto de lei em tramitação no Congresso que pode modificar a lei, definida por ele como “entulho autoritário”.
“A biografia é um gênero literário ameaçado de extinção no Brasil por conta de dinheiro”, afirmou o autor.