Ao menos 94 imigrantes ilegais morreram e mais de 200 estão desaparecidos, após o naufrágio da embarcação na qual viajavam 500 pessoas que tentavam chegar à ilha de Lampedusa, no sul da Itália, informaram nesta quinta-feira (3) fontes das equipes de resgate.
Segundo Pietro Bartolo, chefe do departamento de saúde de Lampedusa, o número de vítima deve aumentar ao longo do dia.
A prefeita da ilha, Giusi Nicolini, informou à imprensa italiana que, entre os sobreviventes, as forças da ordem prenderam uma pessoa. Acredita-se que ele seja o traficante responsável pelo transporte ilegal.
“Trata-se de uma tragédia imensa”, acrescentou Giusi, que explicou que os sobreviventes relataram que estavam há várias horas em alto-mar e que não conseguiram pedir ajuda, por isso decidiram acender uma chama para serem localizados.
A embarcação pegou fogo logo depois e muitos imigrantes tiveram que se lançar ao mar e, por fim, o barco virou, acrescentou a prefeita.
“É um horror. Não param de chegar barcos cheios de corpos. Os meios de comunicação têm que vir aqui para ver isso. É impressionante”, acrescentou a prefeita entre lágrimas enquanto falava por telefone com algumas emissoras de televisão.
Giusy disse também que as autoridades não sabem o que fazer “nem com os mortos nem com os vivos”. Segundo a prefeita, os corpos estão sendo colocados em um cais da pequena ilha enquanto se procura outro lugar para armazenar os mortos.
A situação também é dramática no abrigo de imigrantes de Lampedusa, onde estão alojados atualmente 1.350 pessoas, para uma capacidade de cerca de 700.
“É um horror. Não deixam de chegar barcos e descarregar mortos. É impressionante”, afirmou a prefeita entre lágrimas enquanto falava por telefone com emissoras de televisão.
“Não podem seguir vindo nestas condições. Se continuar assim é melhor ir pegá-los”, disse a prefeita, que há meses denuncia a “negligência” das instituições europeias em relação ao drama dos imigrantes.
O responsável da Agência de Saúde de Palermo, Antonio Candela, que coordena as operações de assistência aos imigrantes resgatados, informou que foram recuperadas 150 pessoas, entre elas dezenas de crianças, algumas com poucos meses de idade, e mulheres grávidas.
Candela explicou que as condições dos sobreviventes eram boas e que, apesar de alguns terem apresentado sintomas de hipotermia, ninguém precisou ser hospitalizado.
Os imigrantes explicaram que são da Eritréia e da Somália, que eram entre 450 e 500 pessoas e que zarparam do litoral da Líbia.
Participam das operações de resgate a Guarda Litorânea italiana e a Guardia di Finanza, a polícia de fronteiras do país, além de barcos pesqueiros e embarcações particulares.
Uma embarcação com 463 imigrantes ilegais chegou à ilha durante a última noite. Os imigrantes foram transferidos para um abrigo em Lampedusa, que ontem já tinha atingido sua capacidade máxima de 700 pessoas.
Trata-se de uma nova tragédia envolvendo a imigração ilegal nas últimas semanas, depois que 13 pessoas morreram no dia 30 de setembro após terem sido obrigados pelos traficantes a saltar da embarcação na qual viajavam, mesmo sem saber nadar e com o mar agitado.
Os cerca de 200 imigrantes foram obrigados a se jogar no mar, a poucos metros da praia do “Pisciotto” na cidade de Scicli, na província de Ragusa, na Sicília.
No dia 10 de agosto, outros seis imigrantes ilegais, entre eles um menor de idade, morreram ao tentar alcançar o litoral da Sicília a nado, depois que o barco pesqueiro, em que viajavam junto com vários imigrantes da Síria e do Egito, encalhou. (Com Efe e AP)